Ibovespa aprofunda queda após ata do Fed
Bolsas internacionais recuam em meio à expectativa de aperto monetário mais duro nos Estados Unidos
Guilherme Guilherme
Publicado em 6 de abril de 2022 às 10h34.
Última atualização em 6 de abril de 2022 às 16h21.
Ibovespa hoje: o principal índice da B3 recua nesta quarta-feira, 6, acompanhando as perdas de bolsas estrangeiras após a divulgação da ata da última reunião do comitê de política monetária do Federal Reserve (Fed), o FOMC.
Preocupado com a inflação, o banco central americano parece estar pronto para ser mais duro em sua política monetária – o que tira a atratividade das bolsas ao redor do mundo. O Ibovespa atingiu suas mínimas após a divulgação da ata, chegando a cair abaixo da marca de 117.000 pontos.
- Ibovespa: - 0,84%, 117.892 pontos
A ata do Fed indica que a autoridade monetária quer reduzir seu balanço patrimonial já na próxima reunião, em maio, em um valor consenso de 95 bilhões de dólares por mês. O documento é referente à reunião de março, quando o Fed subiu sua taxa de juros pela primeira vez desde 2018, com alta de 0,25 ponto percentual.
Alguns membros do Fed também sinalizaram a possibilidade de uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião – em um ritmo mais acelerado do que o esperado.
“A ata deixa bem claro que vamos ter uma postura hawkish [favorável a juros mais altos], e descarta qualquer ritmo cauteloso. E se os ativos mais seguros do mundo estão pagando mais juros, isso aumenta o custo de oportunidade no resto do mundo. Desincentiva, por exemplo, o investimento em bolsa”, afirmou Gustavo Ribeiro, estrategista da RB Investimentos.
Thomas Giuberti, economista e sócio da Golden Investimentos, acrescentou que a ata mais dura reforça a preocupação do Fed com a inflação americana, que está em seu maior nível em 40 anos. “Como esperado, foi uma alta mais dura, que mostra que o Fed está muito preocupado com a inflação. O remédio amargo, que é a elevação de juros, leva o mercado a fazer ajustes de preço nesta quarta-feira”, disse.
O efeito afeta também o câmbio, com o dólar subindo contra o real pelo segundo dia seguido, após ter tocado a mínima desde fevereiro de 2020. “A ata do Fed reforçou a preocupação do mercado, pressionando as moedas de países emergentes. E, como sempre, o real se destaca entre os demais, por ser mais volátil”, avalia Fernanda Consorte economista chefe do Banco Ourinvest.
- Dólar: + 1,09%, R$ 4,71
Os rendimentos dos títulos americanos, que refletem a expectativa de alta dos juros americanos, voltam a subir nesta quarta. O rendimento dos títulos de 2 anos estão na máxima desde janeiro de 2019. O movimento pressiona ainda mais o índice Nasdaq nesta manhã, que tem a pior performance de Wall Street. O índice, com maior composição de empresas de crescimento, cai cerca de 2%.
- Nasdaq (EUA): - 1,99%
- S&P 500 (EUA): - 0,92%
- Dow Jones (EUA): - 0,39%
Destaques de ações
O mau humor tem reflexos no mercado local, com ações de tecnologia entre as maiores quedas deste pregão, com Méliuz, Banco Inter e Locaweb com quedas superiores a 7%.
- Banco Inter (BIDI11): - 8,31%
- Méliuz (CASH3): - 7,58%
- Locaweb (LWSA3): - 7,22%
Entre as maiores perdas também estão papéis associados à economia doméstica, que vinham operando em alta nos últimos pregões. O destaque fica com os papéis da CVC (CVCB3), que caem mais de 8%.
Empresas de commodities, por outro lado, impedem perdas ainda maiores do Ibovespa. A Vale, com a maior posição no índice, sobe pouco mais de 1%, seguindo a valorização do minério de ferro nesta madrugada, que marcou a volta das negociações na bolsa de Dalian, após o feriado de Qingming Festival.
- Vale (VALE3): + 1,20%
Mas quem lidera as altas do Ibovespa são as ações da Suzano. Beneficiada pela alta do dólar, a exportadora sobe pouco mais de 2%. A Klabin, do mesmo setor, também é destaque de alta.
- Suzano (SUZB3): + 2,09%
- Klabin (KLBN11): + 0,99%