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Ibovespa cai 1,5% com EUA e preocupação com pandemia; petróleo afunda 7%

Em Wall Street, os principais índices fecharam no negativo com preocupações sobre novas medidas de restrições na Europa por conta de avanços de casos de covid

Ibovespa futuro em queda seguindo viés negativo nas bolsas globais (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa futuro em queda seguindo viés negativo nas bolsas globais (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 23 de março de 2021 às 09h18.

Última atualização em 23 de março de 2021 às 18h11.

Quadro geral do dia:

  • Ibovespa cai 1,49%, em 113.261 pontos
  • Dólar comercial tem leve queda de 0,04%, cotado em 5,51 reais
  • EUA: Dow Jones recua 0,94%, S&P500 tem queda de 0,76% e o Nasdaq cai 1,12% 
  • Europa: STOXX600 fechou em baixa de 0,20%
  • Rendimento dos títulos americanos de 10 anos tem baixa de 0,06 ponto percentual e chega a 1,62%

O Ibovespa intensificou queda na tarde desta terça-feira, 23, seguindo o movimento das bolsas de Wall Street e em meio a preocupações com a pandemia diante de novas medidas de restrições da covid na Europa. O dólar, por sua vez, fechou praticamente estável (-0,04%), em 5,51 reais.  

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Os investidores repercutiram também nesta sessão as falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, em audiências no Congresso americano, de que, apesar dos programas de estímulos, a recuperação da economia do país ainda tem um longo caminho a percorrer. Os comentários contribuíram para a queda dos rendimentos dos títulos do governo dos Estados Unidos com vencimento em 10 anos, que fecharam em 1,62%.  

Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel concordou com um bloqueio durante a Páscoa para tentar reverter o aumento de casos no país, estendendo o confinamento até o dia 18 de abril. O número de novos casos Covid-19 na França também cresceu, mesmo com o início de um terceiro lockdown em algumas regiões do país na última sexta-feira, 19.

Como resultado dos temores, o índice pan-europeu STOXX600 fechou em queda neste pregão, assim como a maior parte das bolsas do continente. Já os preços do petróleo despencaram quase 7% por temores de que novas restrições na Europa desacelerarem a recuperação da demanda.

As preocupações levaram os investidores a migrarem para o dólar. O índice DYX, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas, avançou 0,7%. Contra o real, o dólar, por sua vez, chegou a cair 0,9%, para 5,46 reais, na mínima do dia, em meio a expectativas de uma nova alta de juros no Brasil em maio. A moeda, contudo, fechou praticamente no zero a zero, em 5,51 reais. 

Nesta manhã, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgou hoje a ata da reunião que elevou a taxa básica de juros de 2% para 2,75% na última quarta-feira, 17. Na ata, os membros do Copom reiteraram uma provável nova alta de juros de 0,75 na próxima reunião, que acontece em maio, mas frisaram que essa visão pode ser revista em caso de uma mudança significativa nas projeções de inflação ou balanço de riscos.

O motivo seriam os riscos fiscais de curto prazo, que implicam um viés de alta para as projeções. "Essa assimetria no balanço de riscos afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando trajetória com elevação inicial dos juros superior à suposta no cenário básico", disse o Copom.

O avanço da pandemia também continua no radar dos investidores brasileiros. O Brasil superou ontem a marca dos 12 milhões de casos de covid-19, com 1.383 mortes e 49.293 novos casos ontem, segundo Ministério da Saúde.

Destaques de ações

Entre as maiores altas do Ibovespa hoje, apareceram as ações da IRB Brasil (IRBR3), com ganhos de 5,91%, depois de registrar lucro de 17,9 milhões de reais em janeiro deste ano, revertendo prejuízo de 132 milhões no mesmo mês de 2020. Na sequência, CVC Brasil (CVCB3) e Marfrig (MRFG3) avançaram 5,56% e 3,98%, respectivamente.

Apesar da melhora do resultado de IRB, que contribuiu para o desempenho positivo dos papéis hoje, o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, disse que ainda considera a ação da IRB em "momento altamente especulativo". "Entendo que o ideal seria aguardar um período maior, com mais apresentações de resultados trimestrais para realmente ficar claro que o pior já passou", comentou.

No caso de CVC Brasil, ele apontou que a alta pode ser reflexo de falas do presidente Jair Bolsonaro, de que pode acionar os militares para avançar com a campanha de vacinação no país. "Além de colaborar para que o Brasil tenha um ritmo mais acelerado (e organizado) de vacinação, as pesquisas Ibope e Datafolha sempre indicam que uma parcela da população seguirá as sinalizações do presidente para definir se tomará ou não a vacina", destacou.

Do outro lado, lideraram as perdas do índice as ações da Azul (AZUL4), que tiveram recomendação rebaixada para venda hoje pelo Morgan Stanley, Gerdau (GGBR4) e CSN (CSNA3). Esses papéis caíram 6,80%, 4,36% e 4,29%, respectivamente. Ainda no setor de aviação, a Gol (GOLL4), que também teve classificação cortada pelo Morgan Stanley, recuou 1,98%.

Também entre os destaques negativos do dia, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) e PetroRio (PRIO3) caíram entre 3% e 4%, puxados pela derrocada dos preços do petróleo no exterior.

*Com Reuters

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