Painel de cotações da B3, em São Paulo | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 18 de agosto de 2021 às 17h16.
Última atualização em 18 de agosto de 2021 às 18h41.
O Ibovespa fechou em queda de 1,07%, a 116.643 pontos, nesta quarta-feira, 18, chegando a seu terceiro pregão seguido de perdas. É o menor patamar de fechamento desde 1º de abril. O movimento acompanhou o das bolsas de Nova York, com investidores digerindo a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano). Nos Estados Unidos, o S&P 500 caiu 1,05%, o Nasdaq, 0,89% e o Dow Jones 1,08%.
Divulgada nesta tarde, o documento revelou maior apoio entre membros do Fed para que se antecipe o início da retirada dos estímulos monetários mensais de 120 bilhões de dólares. Ainda assim, 60% acredita que o momento ideal para o processo, chamado de "tapering" seria o início do ano que vem, em janeiro.
"A ata estava bem direcionada para essa questão. O Fed está bem dividido sobre como reagir, o que foi bem em linha com o que seus membros vêm discutido publicamente. No Simpósio de Jackson Hole, que reúne os maiores banqueiros centrais do mundo, eles devem apresentar mais detalhes sobre o tapering", diz Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
"Alguns participantes expressaram preocupações de que a manutenção de condições financeiras altamente acomodatícias possa contribuir para um aumento do risco para o sistema financeiro [...]. Em contraste, alguns outros participantes sugeriram que os preparativos para reduzir o ritmo de compras de ativos devem abranger a possibilidade de que as reduções possam não ocorrer por algum tempo e destacaram os riscos que o aumento de casos covid-19 associados à propagação da variante Delta poderia causar atrasos no retorno ao trabalho e à escola e, portanto, prejudicam a recuperação econômica", diz a ata.
Após a divulgação da ata, o dólar chegou a perder força contra moedas desenvolvidas, mas se fortaleceu frente às emergentes. No Brasil, o dólar subiu 1,99% e fechou sendo negociado a 5,375 reais, a maior cotação desde maio.
“O mercado sofre com o movimento de aversão global ao risco, uma vez que investimentos em economias emergentes são mais arriscados. Isso pesa na conta do risco-Brasil e que pode se agravar diante de um cenário mais pessimista sobre a retomada econômica mundial”, afirma, em nota, Paloma Brum, analista de investimentos da Toro."
Na bolsa, a Vale (VALE3), com a maior participação do Ibovespa, foi a principal responsável pela queda do índice. Pressionada pela desvalorização de 4,6% do minério de ferro na China, a Vale caiu 3,36%, puxando as ações da Bradespar (BRAP4), holding do Bradesco com participação relevante na mineradora, que recuou 3,81%.
A commodity ampliou as perdas com um alerta da mineradora australiana BHP, que vê probabilidade crescente de “cortes severos” da produção de aço da China este ano. A indústria siderúrgica da China está sob pressão depois de prometer reduzir a produção este ano, uma meta que exige enormes cortes no segundo semestre para compensar a expansão da oferta no início de 2021. A queda do minério de ferro também puxou para baixo as ações de siderúrgicas, com Usiminas (USIM5) fechando em queda de 4,8% e CSN (CSNA3), de 2,63%.
Na ponta positiva do índice, os papéis da Braskem (BRKM5) fecharam em alta de 4,21% após o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) elevar o preço-alvo da ação de 63 reais para 71 reais. Os analistas destacaram, em relatório, que a Braskem oferece uma combinação de revisões positivas de lucros, potencial de expansão de múltiplo e dividendos atraentes no curto prazo.
Entre os componentes do Ibovespa, a alta da Braskem só foi menor que a da Cogna (COGN3), que subiu 4,52%, com investidores em busca de barganhas, após os papéis da empresa terem fechado na mínima desde 2012, na última sessão. A CVC (CVCB3), que também vinha em forte queda desde seu último resultado, divulgado na sexta-feira, 13, fechou em alta de 3,09%