Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 17 de setembro de 2021 às 17h27.
Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 17h38.
O Ibovespa recua nesta sexta-feira, 17, após o governo federal decretar o aumento da alíquota do IOF até o fim deste ano para viabilizar a extensão do Bolsa Família. A medida ocorre em meio à pior rejeição do presidente Jair Bolsonaro pela pesquisa Datafolha -- 53% consideram o governo ruim ou péssimo. O mercado também reage à nova queda do minério de ferro, que derrubou as ações de Vale (VALE3) e siderúrgicas.
O principal índice da B3 fechou o dia em queda de 2,07%, aos 111.439 pontos - a pontuação é a menor já registrada desde o dia 9 de março. Este foi o quarto pregão consecutivo de perdas no Ibovespa, que acumulou perdas de 2,49% na semana. Já o dólar avançou 0,33%, encerrando a sessão negociado a 5,28 reais.
Para Fernanda Consorte, economista-chefe do banco Ourinvest, o saldo do dia está relacionado à decisão “praticamente surpresa” do governo em aumentar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
“Com a popularidade [de Bolsonaro] em baixa, há maior possibilidade de o governo recorrer à medida populista [aumento do Bolsa Família] para conseguir alguns votos. Não à toa o real tem se desvalorizado muito mais que seus pares", afirma.
A economista ainda pontua que além de o aumento de imposto encarecer o crédito a pessoas físicas e jurídicas, as decisões "populistas pressionam ainda mais a inflação, aumentam a taxa de juros e reduz o crescimento econômico".
A medida afetou, em especial, as ações dos bancos. Isso porque algumas operações bancárias, como tomar um empréstimo bancário, vão ficar mais caras por causa da elevação do IOF. Entre os grandes bancos, Bradesco (BBDC4) registrou as maiores perdas, caindo 3,61%. As units do Santander (SANB11) caíram 1,86%, enquanto as ações do Itaú (ITUB4) e do Banco do Brasil (BBAS3) recuaram 2,39% e 1,8%. No setor, as units do Banco Inter (BIDI11) lideraram as perdas, caindo 7,02%.
O ambiente interno negativo se somou à desvalorização de commodities no mercado internacional, que pressionou as principais ações da bolsa brasileira.
Com a maior participação no índice, as ações da Vale (VALE3) chegaram a abrir em alta, refletindo o anúncio de que a empresa irá distribuir 40,2 bilhões de reais em dividendos. Por outro lado, o preço do minério de ferro, que despencou mais 4,9% no porto de Qingdao, voltou a pressionar as ações da mineradora, que encerraram o dia em queda de 2,02%.
Siderúrgicas também registraram quedas neste pregão. Gerdau (GGBR4) liderou as perdas do setor, recuando 6,82%. Já Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) recuaram 5,59%, 5,31% e 4,73%, respectivamente.
A sequência de quedas do minério de ferro ocorre em meio ao maior controle do governo chinês sobre produção de aço. Na China, também crescem as preocupações sobre os possíveis efeitos do superendividamento da gigante imobiliária Evergrande na economia do país -- economia que, a propósito, tem demonstrado sucessivos sinais de desaceleração. Além da mineração, empresas de celulose sofrem com a piora do cenário na Ásia, com Suzano (SUZB3) caindo 3,96% e a Klabin (KLBN11), 2,8%.
Já os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4), com a segunda maior participação do Ibovespa, recuaram 4,57% e 4,48%, respectivamente, acompanhando a depreciação do petróleo no exterior e aumentando a pressão negativa sobre o Ibovespa.
O destaque positivo da sessão veio de fora do Ibovespa. Do setor de logística, as ações da Log-In (LOGN3) estenderam os ganhos da véspera subindo 7,5% nesta sessão, após a gestora Alaska - principal acionista da empresa - aceitar as condições da oferta pública de aquisição (OPA) apresentadas pela Sas Shipping, subsidiária da MSC. Ontem, os papéis disparam 33,78%.
Maiores altas |
Maiores quedas | |||||
Telefônica | VIVT3 |
1,45% | Banco Inter | BIDI11 |
-7,02% | |
Magazine Luiza | MGLU3 |
1,22% | Gerdau | GGBR4 |
-6,82% | |
Natura | NTCO3 |
1,14% | Metalúrgica Gerdau | GOAU4 |
-5,59% |