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Ibovespa bate recorde histórico ao fechar acima de 110 mil pontos

Expectativa de um possível acordo comercial e otimismo com a economia brasileira sustentaram a alta de 1,23%. As ações que mais subiram foram do BTG e WEG

Ibovespa: em dólares, o índice está bem longe de seu patamar mais alto da história (MicroStockHub/Getty Images)

Ibovespa: em dólares, o índice está bem longe de seu patamar mais alto da história (MicroStockHub/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 18h34.

Última atualização em 4 de dezembro de 2019 às 20h48.

São Paulo - O Ibovespa superou pela primeira vez a marca dos 110 mil pontos e encerrou o pregão desta quarta-feira (4) em 110.300,93 pontos, subindo 1,23%. Com isso, o principal índice da B3 voltou a quebrar o recorde de fechamento e o intradiário.

Apesar da pontuação máxima, o índice ainda está longe do maior patamar quando convertido em dólares. O nível mais alto foi alcançado no pregão de 19 de maio de 2008, quando fechou em 44.616 pontos, em moeda americana, de acordo com a consultoria Economatica. Na sessão desta quarta, o Ibovespa encerrou em 25.938,82 pontos.

Pode parecer um preciosismo, mas, para o investidor estrangeiro, faz toda diferença. Isso significa que a bolsa brasileira continua barata — ao menos, sob essa ótica. “Temos fluxo estrangeiro negativo ao longo de todo o ano. Os investidores estão esperando um cenário mais consolidado com andamento das reformas e autonomia do banco central. Não querem errar de novo", explica William Teixeira, head de renda variável da Messem Investimentos.

De fato, de janeiro a novembro, o fluxo externo está negativo em 39,25 bilhões de reais, com destaque para novembro que teve saques da ordem de 8,5 bilhões de reais, de acordo com informações da B3, divulgadas nesta quarta.

Teixeira projeta o Ibovespa em 115 mil pontos no fim do ano e em 140 mil pontos em 2020. "Podemos revisar esses números dependendo de como a economia vai reagir a partir de agora", acrescenta.

Aliás, a melhora da perspectiva para a economia brasileira, sustentada pelo crescimento acima do esperado do produto interno bruto (PIB) no terceiro trimestre, é um dos fatores que explicam por que o Ibovespa rompeu o patamar de 110 mil pontos. O resultado, divulgado na terça-feira (3), injetou uma dose de otimismo e ajudou o índice a fechar em alta ontem, apesar das principais bolsas do mundo terem registrado queda.

O dado também ajudou a reforçar a melhora de percepção dos analistas estrangeiros sobre o mercado brasileiro. Nas últimas semanas, grandes bancos internacionais elevaram a recomendação sobre as ações de companhias do país. 

Outro motivo para alta, segundo analistas, se deve ao maior otimismo sobre a relação comercial entre China e Estados Unidos, após a Bloomberg afirmar que pessoas ligadas às negociações confirmam que um acordo entre os dois países está próximo

"Como falta uma semana para as negociações sobre as tarifas (até dia 15), os investidores acreditam que vai haver alguma solução e decidiram assumir posições compradas (apostam na alta das bolsas). Como o exterior opera mais otimista, aumenta o apetite de risco em mercados como o Brasil", comenta Alejandro Ortiz, economista da Guide Investimentos.

Como não podia deixar de ser, a melhor percepção sobre a guerra comercial também se refletiu nos principais mercados de ações, que encerraram em alta. Nos Estados Unidos, o S&P 500 subiu 0,63% e o Nasdaq Composite, 0,54%. Já a bolsa de Londres e de Frankfurt fecharam em alta de 0,42% e 1,16%, respectivamente. 

Ações

Por aqui, os destaques do pregão ficaram a cargo dos bancos, que apresentaram forte valorização após o presidente Jair Bolsonaro descartar a possibilidade de o Banco do Brasil ser privatizado. Segundo o estrategista-chefe e fundador do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, a não privatização do BB afasta a possibilidade de uma competição ainda mais acirrada no setor. “É como se fosse um concorrente a menos”, disse.

Nesta quarta, foram os papéis do BTG Pactual que puxaram o movimento de alta, com valorização de 4,42%. Pouco atrás está a ação preferencial do Itaú, que subiu 3,6%, enquanto o Bradesco, Santander e o Banco do Brasil se apreciaram 2,26%, 1,74% e 1,45%, respectivamente. 

Outras ações com grande peso no índice também fecharam o dia no azul. As ações ordinárias da Petrobras subiram 1,22% e as preferenciais, 2,35%. A alta ocorre em meio à apreciação de mais de 4% do petróleo no mercado internacional e após seu presidente, Castello Branco, afirmar que pretende vender a fatia da estatal na BR Distribuidora

Com a melhora da percepção sobre a guerra comercial, outra commodity se valorizou, o minério de ferro, o que impactou de forma positiva as ações de siderúrgicas no Brasil. A maior alta do setor ficou a cargo das ações da CSN, que subiram 2,74% tendo no radar o aumento de 10% do preço do aço anunciado pela empresa.

Outra companhia que teve destaque no pregão foi a WEG, de autopeças, que subiu 3,61%.

Na ponta negativa, os papéis da JBS estiveram entre as piores baixas, caindo 2,82%. “A baixa performance dos papeis da empresa parecem ter repercutido o fato de que a CVM rejeitou a proposta sobre encerramento do caso envolvendo o uso indevido de um jatinho da JBS”, afirmaram analistas da Guide Investimento em relatório a clientes.

Dólar fecha em leve queda, mas defende linha de R$4,20

Reuters - O dólar fechou com ligeira queda ante o real nesta quarta-feira, longe das mínimas do dia, com investidores dando uma pausa nas vendas conforme a moeda norte-americana tomava fôlego no exterior.

O dólar à vista teve variação negativa de 0,09%, a 4,2023 reais na venda, depois de ter atingido 4,1843 reais na mínima do dia.

Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez tinha oscilação negativa de 0,08%, a 4,2070 reais.

No exterior, o índice do dólar ia às máximas do dia na sessão em Nova York, em leve queda de 0,09%.

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