Ibovespa sobe com dados do varejo, mas não rompe “barreira” dos 100 mil
Dados de vendas do setor aumentam otimismo dos investidores sobre retomada da economia brasileira
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de julho de 2020 às 17h00.
Última atualização em 8 de julho de 2020 às 17h41.
O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, fechou em alta, nesta quarta-feira, 8 puxado pelos dados de vendas no varejo, que vieram muito além do esperado e aumentaram o otimismo sobre a recuperação econômica. Mas apesar da forte alta, o índice não superou os 100 mil pontos, tido como uma forte “barreira psicológica” e encerrou em 99.769,88 pontos, após subir 2,05%.
Divulgadas nesta manhã pelo IBGE, as vendas no varejo referentes ao mês de maio tiveram alta mensal de 13,9%, ficando acima das projeção de mercado, que esperava um aumento de 6%.
Para Arthur Mota, economista da EXAME Research, o resultado das vendas no varejo foi muito bom por mostrar o início da recomposição do setor ainda no meio do segundo trimestre. “A pancada no varejo no trimestre será menor do que esperávamos há dois meses e tem motivado uma revisão mais positiva para a economia”, afirmou.
Mota ainda ressalta a melhora de segmentos do varejo que mais sofreram durante a fase mais rígida da quarentena, como os de vestuário, eletrodomésticos e veículos. Segundo ele, o dado positivo foi possível graças ao “caminhão de medidas do governo.”
O cenário externo também contribuiu para o tom positivo no mercado brasileiro. Apesar de os Estados Unidos terem voltado a registrar recorde de casos diários de coronavírus, o principal índice de ações americano, o S&P 500 subiu 0,79% e o índice Nasdaq, com maior concentração de empresas de tecnologia, 1,44%.
Contudo, as motivações foram insuficientes para elevar o Ibovespa para o patamar dos 100.000. Na máxima do dia, o índice bateu 99.972,78 pontos. Segundo Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos a marca é uma "importante barreira psicológica". "Funciona como um divisor de águas. A próxima barreira está em 103.000 pontos".
Apesar das ações de varejistas terem iniciado o pregão em forte alta com a ajuda dos dados do setor, somente os papéis da Natura, que avançaram 6%, encerraram entre as maiores valorizações do Ibovespa. "Os preços delas estão muito esticados. É normal que os investidores comecem a buscar outras alternativas que ainda tenham bons upsides", disse Chinchila.
A maior valorização do Ibovespa ficaram com os papéis da Braskem e da B3, que subiram 6,5% e 6,1%, respectivamente.
O setor de construção civil também teve um dia positivo, com as ações da MRV subindo 4,5%. Como pano de fundo está o recorde de vendas, divulgado pela companhia na noite de ontem. Segundo a empresa, no segundo trimestre, 11.479 unidades foram vendidas – 37,4% a mais do que no mesmo período do ano passado. As vendas totalizaram 1,81 bilhão de reais.
Já os papéis da Cyrela se valorizaram 4,4%, após a Lavvi, da qual é sócia, protocolar pedido de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). "Com o mercado de capitais ganhando força no segundo semestre, a subsidiária Lavvi poderá se capitalizar em um cenário econômico ainda conturbado, mas com juros nas mínimas históricas, o que deverá estimular o segmento de médio e alto padrão da cidade de São Paulo, reforçando assim o desempenho da própria companhia e, por consequência, da Cyrela”, afirmou em relatório.