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Ibovespa fecha estável; bancos seguram índice, apesar de temores fiscais

Sinalização de que EUA irá manter taxa básica de juro próxima de zero anima investidores, mas temor sobre descontrole fiscal impõe cautela

Bolsa: Ibovespa volta a ficar abaixo dos 100.000 pontos pelo segundo pregão consecutivo (Cris Faga/Getty Images)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 27 de agosto de 2020 às 14h19.

Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 17h49.

A bolsa brasileira fechou estável nesta quinta-feira, 27, com a cautela dos investidores sobre a condução fiscal do país se contrapondo ao otimismo com o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou em 100.623,64 pontos. Embora tenha terminado sem grande variação, o pregão foi de alta volatilidade, principalmente no período da manhã. Na mínima intradia, o índice chegou a marcar 99.856,91 pontos.

"Já é a terceira vez no mês que o Ibovespa perde os 100.000 pontos. Ele até tenta subir, mas dá para ver que já está sem força devido aos temores fiscais", comentou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

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Antes do início do pregão, a grande expectativa do mercado residia no discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que anunciou a adoção da meta de inflação média. De acordo com analistas da Exame Research, a medida pode ajudar a manter a taxa básica de juro americana em patamares próximos de zero por mais tempo e  abre espaço para inflação acima de 2%. Logo após o anúncio, o mercado reagiu positivamente, com o dólar perdendo valor no mundo inteiro e o Ibovespa chegando a superar os 101.500 pontos.

Mas o clima voltou a azedar no mercado, após o presidente Jair Bolsonaro dar mais um sinal de desgaste de seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Em evento em Foz do Iguaçu, o presidente voltou a afagar o Congresso, disse que não é difícil comandar o Brasil com uma equipe de ministros como a dele, mas sem citar o Guedes.

Após ter sua proposta do Renda Brasil, que previa 247 reais de auxílio emergencial, rechaçada publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro, o ministro Paulo Guedes tem até sexta-feira para reformular um novo projeto. Bolsonaro, que viu sua popularidade crescer entre os eleitores de baixa renda durante o período em que o auxílio de 600 reais esteve em vigor, quer um valor de ajuda maior que o inicialmente projetado pela pasta de Guedes.

"Esse embate e a reprovação de planos do Ministério da Economia geram uma incerteza muito grande. O Bolsonaro e o [ vice-presidente Hamilton ] Mourão tentam passar que o Guedes vai ficar no cargo, mas essa pressão em cima do teto de gastos deixa o mercado nervoso", comenta Gustavo Bertotti, economista da Messem.

No radar do mercado também esteve os pedidos semanais de seguro-desemprego dos Estados Unidos, divulgados ainda nesta manhã. Praticamente em linha com as expectativas do mercado, foram registrados 1,006 milhão de pedidos. “O resultado ainda está bastante elevado, próximo da média dos últimos dois meses”, comenta Arthur Mota, economista da EXAME Research. Também foi divulgada a segunda prévia do PIB americano do segundo trimestre, que teve correção para cima em relação à primeira prévia, indo de contração 32,5% na comparação anual para 31,7% de queda.

Destaques

Na bolsa, as ações do setor financeiro, com representação significativa no Ibovespa, salvaram o dia, figurando entre as maiores altas. Entre as ações dos grandes bancos de varejo, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander subiram 1,64%, 2,09%, 0,92% e 1,48%, respectivamente, enquanto os papéis do BTG Pactual (controlador desta Exame) avançaram 2,64%. Mas a liderança do índice ficou com as ações das companhias aéreas GOL e Azul, com respectivas altas de 4,27% e 3,61%.

Na ponta negativa, as ações da Yduqs caíram 7,48%, após a empresa ter registrado prejuízo de 79,5 milhões de reais, revertendo o lucro do mesmo período do ano passado. Na sequência, ficaram as ações da BR Distribuidora, tendo no radar o desinvestimento da Petrobras na companhia por meio de follow-on. "A saída da Petrobras da BR Distribuidora é boa para ambas as empresas, mas geralmente o follow-on vêm com algum desconto, então o mercado já precifica", comenta Bertotti. Já as ações da PEtrobras recuaram 0,4%, com a queda do petróleo no mercado internacional.

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