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Ibovespa afunda mais de 2% com piora no exterior; dólar avança

Passada a euforia com as vacinas, mercado volta a se preocupar com avanço da pandemia; nos EUA, os três principais índices fecham no vermelho

Pregão; iBovespa; Mega Bolsa; B3; Investidores, Economia

Foto: Germano Lüders
16/09/2016 (Germano Lüders/Exame)

Pregão; iBovespa; Mega Bolsa; B3; Investidores, Economia Foto: Germano Lüders 16/09/2016 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 12 de novembro de 2020 às 09h07.

Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 18h27.

Terminou de vez o rali motivado por avanços em testes de vacinas contra o coronavírus. Depois das principais bolsas do mundo surfarem a onda dos resultados preliminares da Pfizer por três dias seguidos, os investidores voltaram à rotina de antes, buscando proteção em dólar e títulos americanos. O mercado brasileiro, que não aproveitou o último dia de festa devido a ruídos da política interna, hoje acompanhou o tom negativo do exterior. O Ibovespa fechou em queda de 2,20%, em 102.507 pontos, depois de ter caído mais de 2,6% na mínima do dia, sendo cotado em 102.033 pontos. Em meio à aversão ao risco, só 10 ações do índice fecharam em alta. O dólar, por sua vez, subiu mais de 1%. Acompanhe a cobertura abaixo.

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A piora veio junto com comentários de presidentes do Federal Reserve e Banco Central Europeu nesta tarde, que trouxeram um tom de cautela aos mercados. Jerome Powell, presidente do Fed, disse, em transmissão durante um fórum do BCE, que notícia sobre uma vacina é boa, mas os próximos meses podem ser desafiadores. No mesmo painel, participava Christine Lagarde, presidente do BCE, que disse que o anúncio de uma vacina significa que o fim da pandemia está a caminho, mas é muito cedo para declarar vitória.

Segundo Bruno Lima, analista da Exame Research, os comentários de Powell e Lagarde, com alertas sobre a questão do impacto do coronavírus na economia, ajudam a dar um tom de cautela aos mercados. Contribui também rumores de que Donald Trump está abandonando as negociações por mais estímulos, diz.

De acordo com matéria da Bloomberg, citando duas pessoas com conhecimento no assunto, Trump estaria recuando nas negociações sobre um novo pacote de estímulos e deixando para o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, retomar as conversas com a presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

(EXAME Academy/Exame)

Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo, comenta que é natural que ajuste viesse. "Imagina um grande fundo de hedge, que veio de três meses de perda e consegue ganhar muito em uma semana que havia previsão de ser negativa. Pessoas acham que mercado sempre bombando. Mas o mercado dá o doce e tira o doce porque alguém sempre vai colocar o lucro no bolso", diz.

Além disso, ele aponta que o mercado ainda está com receio sobre o avanço do coronavírus e com a transição da presidência americana. "O cenário não está 100% bem. O que não fazia sentido é o mercado ter cinco dias de alta. O pacote de estímulo que estava para sair depois da eleição americana, já temos dez dias das eleições e nada ainda. Agora é um choque de realidade".

Com o fim da euforia da vacina, investidores retomaram as atenções no avanço de casos de coronavírus no mundo e temor de mais restrições que desacelerem a recuperação econômica. Em Nova York, o governador, Andrew Cuomo, anunciou ontem à noite novas medidas de restrição. Bares, restaurantes e academias terão que fechar às 22h em todo o Estado.

Nas bolsas americanas, os índices Dow Jones e S&P 500 caíram 1,08% e 1,00%, respectivamente, enquanto o Nasdaq recuou 0,65%. No mercado europeu, que aproveitou a euforia da vacina até a última gota, o índice Stoxx 600 quebrou a sequência de três altas consecutivas e fechou em baixa de 0,88%.

No câmbio, o dólar comercial fechou em alta de 1,14%, a 5,478 reais, em meio à piora dos mercados globais nesta tarde. A declaração do Ministro da Economia, Paulo Guedes, de que, se houver uma segunda onda de casos de Covid-19 no País, a prorrogação do auxílio emergencial é "uma certeza", também ajudou a trazer cautela.

"A declaração sobre o auxílio pesa. Mas o Guedes quis fazer política. Ele sabe que não tem de onde tirar. O mercado não gosta desse tipo de declação e até reverbera de forma negativa, mas sabe que o Paulo Guedes não vai querer estourar o teto. Não é algo que se espera de alguém que defendeu tanto o teto como ele", disse Franchini.

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