Ibovespa: tensão entre China e Estados Unidos foi deixada para segundo plano (Rahel Patrasso/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 10h37.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 17h42.
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa, fechou em alta de 0,65% na tarde desta segunda-feira, 10, aos 103.444,48 após um dia de forte oscilação, sem viés definido, acompanhando o cenário misto internacional.
No mercado, os investidores avaliam a extensão do auxílio emergencial decretada pelo presidente Donald Trump, que deve dar um fôlego extra à maior economia do mundo, e a escalada de tensão comercial entre Estados Unidos e China, após novas investidas de ambos os lados.
O decreto assinado por Trump é destinado a benefícios de auxílio-desemprego e proteção contra despejos, e foi feito após o fracasso nas negociações entre a Casa Branca e os principais democratas no Congresso.
“A notícia injetou ânimo nas bolsas globais e coloca as tensões entre os governos americano e chinês em segundo plano", disseram os analistas da equipe de Research da Exame em relatório. Hoje, a China anunciou sanções contra 11 funcionários norte-americanos, por interferência nos assuntos de Hong Kong, depois de os Estados Unidos terem adotado medidas semelhantes contra várias autoridades da região semiautônoma chinesa.As sanções impostas por Pequim afetam os senadores republicanos Ted Cruz e Marco Rubio, entre outros.
“Hoje, o mercado teve de tudo um pouco. Um dia de altíssima volatilidade. A onda comprada veio à tarde após o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmar que o Congresso pode chegar um acordo de um pacote no valor de 1 trilhão de dólares”, afirma Marcio Loréga, analista da Ativa.
Já Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, acrescenta que as sanções impostas pela China podem acirrar a guerra comercial entre os países. “Isso pode trazer uma volta forte da guerra comercial.”
Entre os destaques da Bolsa estão as ações da Braskem, que fecharam em alta de 9,32%. Em comunicado enviado ao mercado, na última sexta-feira, a companhia informou que a Odebrecht iniciou atos preparatórios para estruturar um processo de alienação privada de até a totalidade de sua participação na Braskem.
"A Braskem vem comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral que recebeu, nesta data, correspondência enviada por sua acionista controladora, Odebrecht S.A (“ODB”), informando que, em cumprimento a compromissos assumidos com credores concursais e extraconcursais, a ODB deu início aos atos preparatórios para estruturar um processo de alienação privada de até a totalidade da participação de sua titularidade na Companhia", disse a Braskem Segundo o comunicado, a Odebrecht adotará "as providências necessárias para organizar um processo dessa natureza, com o apoio de assessores legais e financeiros".
Outro comunicado que impactou o mercado foi que a Oi concedeu exclusividade para Telefônica, Claro e TIM em venda de operação móvel. Desta maneira, o consórcio formado pelas três companhias está mais perto de comprar a divisão de telefonia móvel da Oi. Hoje, as ações da TIM fecharam em alta de 2,46% as da Telefônica Vivo, 2,43%. Os papéis da Oi, que chegaram a subir mais de 5%, fecharam em leve alta de 0,41%.
“Desfecho já era esperado pelo mercado. Por um lado, a Oi fica perto de vender a operação móvel e cumprir um passo importante em seu plano de recuperação judicial, mas, por outro, a ‘guerra de preços’ pelos ativos está definitivamente encerrada”, diz Bruno Lima, analista da Exame Research.
Entre os destaques negativos do Ibovespa estão as ações do Magazine Luiza, que fecharam em queda de 4,34%. "Os papéis permaneceram instáveis até o dia do divulgação do balanço. Hoje, com os dados divulgado do Mercado Livre, teve um movimento de realização de lucro", explica Loréga da Ativa.