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Investidor estrangeiro vai voltar para o Brasil, diz gestor

Para Nicholas Cowley, da Henderson Global Investors, é só uma questão de tempo para que os investidores voltem, desde que haja "progresso em termos de números econômicos"

Bovespa: embora o saldo de recursos externos esteja positivo em cerca de R$ 7,6 bilhões neste ano, até 19 de março, o elevado nível de posições vendidas no mercado futuro evidencia preocupação com o cenário para a bolsa local. (BM&FBovespa/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2013 às 19h12.

São Paulo - Uma retomada consistente da economia brasileira é o estímulo que falta para as ações no país voltarem a brilhar aos olhos dos investidores estrangeiros, após as recentes intervenções do governo no setor privado terem afastado muitos da Bovespa .

A avaliação é do gestor Nicholas Cowley, da Henderson Global Investors, firma que tem um total de quase 100 bilhões de dólares sob gestão globalmente, dos quais cerca de 2,5 bilhões de dólares voltados a mercados acionários emergentes.

"É só uma questão de tempo, de quando os investidores vão realmente começar a voltar para o Brasil", disse Cowley em entrevista por telefone de Londres. Para que isso aconteça, "precisamos ver progresso em termos de números econômicos." Até o momento, estrangeiros têm se posicionado com cautela na Bovespa. Embora o saldo de recursos externos esteja positivo em cerca de 7,6 bilhões de reais neste ano, até 19 de março, o elevado nível de posições vendidas no mercado futuro evidencia preocupação com o cenário para a bolsa local.

Segundo Cowley, os primeiros sinais vindos da economia brasileira no início deste ano foram encorajadores, com destaque para o desempenho da produção industrial. Mas a inflação ainda preocupa, além do risco de novas intervenções estatais.

Por isso, investidores ainda precisam sentir que a atividade econômica vai mesmo acelerar e que as empresas voltarão a investir antes de fazerem apostas mais pronunciadas na Bovespa.

"Se começarmos a ver isso voltar a acontecer nos próximos três a seis meses, esse será um sinal de que as pessoas começarão a ficar empolgadas com o Brasil de novo", disse. "2013 deve ser um ponto de virada para a economia brasileira." Após um desempenho decepcionante no ano passado, quando a economia cresceu só 0,9 por cento, o mercado espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avance 3,03 por cento em 2013, segundo a última pesquisa do Banco Central.


Seletividade é a chave

Embora o cenário ainda inspire cautela, existem boas opções no mercado, já que o fraco desempenho recente criou oportunidades especialmente em setores ligados à dinâmica doméstica e menos expostos à intervenção do governo, avalia Cowley.

Essa é uma das razões pelas quais a Henderson voltou a ficar "mais construtiva em Brasil" nos últimos meses, após ter reduzido exposição ao país em anos recentes em favor do México. Mas o retorno ocorre "aos poucos" e "de modo muito seletivo".

"Estamos focando em setores que acreditamos que podem crescer bem neste ano e que não estão sob risco de sofrer grandes surpresas negativas do governo", disse Cowley.

Empresas ligadas a consumo, educação e infraestrutura satisfazem ambos requisitos, segundo o gestor. Bancos também voltaram a chamar atenção --depois da pressão do governo em 2012 por queda de juros e spreads. "O pior para o setor ficou para trás", avaliou Cowley.

"Você só precisa que as coisas parem de piorar para os investidores começarem a precificar um ambiente operacional melhor", disse, citando ainda que os bancos devem se beneficiar se o juro básico do país ao menos parar de cair.

Mas para outros setores que foram alvos recentes da atuação estatal, como energia elétrica e telecomunicações, a situação ainda é bem diferente. "Ficou difícil investir nessas áreas por causa da incerteza. Você simplesmente não sabe qual será a próxima surpresa do governo." Cowley também incluiu nesse grupo as blue chips Petrobras e Vale. Enquanto a petrolífera estatal sofre com o controle de preços de combustíveis, a disputa com o governo sobre o pagamento de 4 bilhões de reais em royalties é a principal preocupação para quem pensa em investir na maior produtora de minério de ferro do mundo.

"A intervenção do governo brasileiro é provavelmente a preocupação número um dos investidores estrangeiros", afirmou Cowley. "Os investidores podem fazer suas projeções sobre como a economia vai se comportar, mas você não pode prever o que o governo brasileiro vai fazer... O mercado odeia incerteza mais do que qualquer outra coisa." Esse cenário de intervenções estatais tem sido apontado por analistas como a principal explicação para o Ibovespa, referencial da bolsa brasileira, registrar um dos piores desempenhos globais nos últimos meses.

No período de doze meses encerrado na quarta-feira, o Ibovespa acumulava perda de 16,7 por cento. Já o referencial do México subia 11,7 por cento no mesmo período, enquanto o norte-americano S&P 500 avançava 10,9 por cento.

Mas o lado positivo da atuação estatal, segundo Cowley, é que as medidas podem reduzir os custos produtivos, o que seria benéfico para o setor industrial e ajudaria a tornar o Brasil mais competitivo no cenário global.

"Existem muitos fatores positivos para a economia nos próximos cinco a dez anos", disse o gestor, citando como exemplo investimentos previstos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

"Se os projetos de infraestrutura começarem a se tornar realidade, isso deve ser um sinal encorajador para os investidores", avaliou Cowley.

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São Paulo - Uma retomada consistente da economia brasileira é o estímulo que falta para as ações no país voltarem a brilhar aos olhos dos investidores estrangeiros, após as recentes intervenções do governo no setor privado terem afastado muitos da Bovespa .

A avaliação é do gestor Nicholas Cowley, da Henderson Global Investors, firma que tem um total de quase 100 bilhões de dólares sob gestão globalmente, dos quais cerca de 2,5 bilhões de dólares voltados a mercados acionários emergentes.

"É só uma questão de tempo, de quando os investidores vão realmente começar a voltar para o Brasil", disse Cowley em entrevista por telefone de Londres. Para que isso aconteça, "precisamos ver progresso em termos de números econômicos." Até o momento, estrangeiros têm se posicionado com cautela na Bovespa. Embora o saldo de recursos externos esteja positivo em cerca de 7,6 bilhões de reais neste ano, até 19 de março, o elevado nível de posições vendidas no mercado futuro evidencia preocupação com o cenário para a bolsa local.

Segundo Cowley, os primeiros sinais vindos da economia brasileira no início deste ano foram encorajadores, com destaque para o desempenho da produção industrial. Mas a inflação ainda preocupa, além do risco de novas intervenções estatais.

Por isso, investidores ainda precisam sentir que a atividade econômica vai mesmo acelerar e que as empresas voltarão a investir antes de fazerem apostas mais pronunciadas na Bovespa.

"Se começarmos a ver isso voltar a acontecer nos próximos três a seis meses, esse será um sinal de que as pessoas começarão a ficar empolgadas com o Brasil de novo", disse. "2013 deve ser um ponto de virada para a economia brasileira." Após um desempenho decepcionante no ano passado, quando a economia cresceu só 0,9 por cento, o mercado espera que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avance 3,03 por cento em 2013, segundo a última pesquisa do Banco Central.


Seletividade é a chave

Embora o cenário ainda inspire cautela, existem boas opções no mercado, já que o fraco desempenho recente criou oportunidades especialmente em setores ligados à dinâmica doméstica e menos expostos à intervenção do governo, avalia Cowley.

Essa é uma das razões pelas quais a Henderson voltou a ficar "mais construtiva em Brasil" nos últimos meses, após ter reduzido exposição ao país em anos recentes em favor do México. Mas o retorno ocorre "aos poucos" e "de modo muito seletivo".

"Estamos focando em setores que acreditamos que podem crescer bem neste ano e que não estão sob risco de sofrer grandes surpresas negativas do governo", disse Cowley.

Empresas ligadas a consumo, educação e infraestrutura satisfazem ambos requisitos, segundo o gestor. Bancos também voltaram a chamar atenção --depois da pressão do governo em 2012 por queda de juros e spreads. "O pior para o setor ficou para trás", avaliou Cowley.

"Você só precisa que as coisas parem de piorar para os investidores começarem a precificar um ambiente operacional melhor", disse, citando ainda que os bancos devem se beneficiar se o juro básico do país ao menos parar de cair.

Mas para outros setores que foram alvos recentes da atuação estatal, como energia elétrica e telecomunicações, a situação ainda é bem diferente. "Ficou difícil investir nessas áreas por causa da incerteza. Você simplesmente não sabe qual será a próxima surpresa do governo." Cowley também incluiu nesse grupo as blue chips Petrobras e Vale. Enquanto a petrolífera estatal sofre com o controle de preços de combustíveis, a disputa com o governo sobre o pagamento de 4 bilhões de reais em royalties é a principal preocupação para quem pensa em investir na maior produtora de minério de ferro do mundo.

"A intervenção do governo brasileiro é provavelmente a preocupação número um dos investidores estrangeiros", afirmou Cowley. "Os investidores podem fazer suas projeções sobre como a economia vai se comportar, mas você não pode prever o que o governo brasileiro vai fazer... O mercado odeia incerteza mais do que qualquer outra coisa." Esse cenário de intervenções estatais tem sido apontado por analistas como a principal explicação para o Ibovespa, referencial da bolsa brasileira, registrar um dos piores desempenhos globais nos últimos meses.

No período de doze meses encerrado na quarta-feira, o Ibovespa acumulava perda de 16,7 por cento. Já o referencial do México subia 11,7 por cento no mesmo período, enquanto o norte-americano S&P 500 avançava 10,9 por cento.

Mas o lado positivo da atuação estatal, segundo Cowley, é que as medidas podem reduzir os custos produtivos, o que seria benéfico para o setor industrial e ajudaria a tornar o Brasil mais competitivo no cenário global.

"Existem muitos fatores positivos para a economia nos próximos cinco a dez anos", disse o gestor, citando como exemplo investimentos previstos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

"Se os projetos de infraestrutura começarem a se tornar realidade, isso deve ser um sinal encorajador para os investidores", avaliou Cowley.

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