Fúria de investidores faz Televisa viver seu pior momento na bolsa
No início desta semana, escritório de advocacia norte-americano entrou com uma ação coletiva contra a emissora de televisão mexicana
Rita Azevedo
Publicado em 22 de março de 2018 às 12h31.
Última atualização em 22 de março de 2018 às 16h21.
São Paulo -- A emissora de televisão mexicana Televisa vive um dos seus piores momentos no mercado de ações, depois que um escritório de advocacia entrou com uma ação coletiva contra a companhia nos Estados Unidos.
Na última terça-feira, os papéis recuaram mais de 7%. Ontem, o movimento de baixa persistiu e as ações chegaram ao menor nível histórico, aos 54 pesos mexicanos, após caírem 1,2%.
A ação coletiva contra a Televisa foi apresentada no começo desta semana pelo escritório norte-americano Kessler Topaz Meltzer & Check e pede a compensação de danos pelo suposto envolvimento da companhia em um esquema de corrupção na Fifa e por "ajustes artificiais" no preço das ações.
Em novembro do ano passado, o empresário argentino Alejandro Burzaco -- uma das testemunhas chamadas por promotores dos Estados Unidos para participar do julgamento de ex-dirigentes de futebol acusados de corrupção -- acusou emissoras de diversos países, entre elas a Televisa, de pagar propina para assegurar direitos de transmissão de partidas.
Na época, a companhia negou as acusações alegando que nunca teve conhecimento de suborno ou de qualquer outra conduta inapropriada de seus executivos.
O processo foi aberto em nome dos investidores que adquiriram ações da companhia mexicana no período de 11 de abril de 2013 a 25 de janeiro de 2018. Os acionistas que se sentiram lesados pelo caso têm até o próximo dia 4 de maio para solicitar a nomeação como autores do processo, em tramitação na Corte do Distrito Sul de Nova York.
A ação coletiva é só mais um ingrediente do drama vivido pela Televisa nos últimos tempos. Em 12 meses, as ações da Televisa acumulam perdas de 45%, como informa a CNN.
Além do escândalo envolvendo a FIFA, pesa contra a empresa a piora de sua situação financeira. Em 2017, as receitas da companhia encolheram 7,3%, depois da redução das vendas de conteúdo publicitário.
A emissora também lida com a queda da audiência, justificada pelo comportamento dos jovens mexicanos, que aos poucos trocam os programas de televisão por conteúdos na internet.