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Por que os fundos multimercados têm a maior fuga?

Fundos de ações têm perdas muito maiores, mas sofrem resgates bem menores

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 13 de outubro de 2010 às 20h48.

A cifra assusta: 41 bilhões de reais. O valor, equivalente ao dobro do lucro acumulado por Vale e Petrobras durante todo o ano de 2007, é o quanto os investidores tiraram dos fundos multimercados neste ano. Com os saques, o patrimônio da categoria encolheu 16,7%, muito mais que o dos fundos de ações, que perderam só 7,3% de seus recursos - apesar do recuo de mais de 40% no Ibovespa neste ano.

"Os investidores estão bem preparados para investir em ações. Eles sabem que esse tipo de fundo é para o longo prazo e entrar em pânico agora só vai gerar prejuízo", diz Eduardo Jucervic, superintendente de Investimentos do Banco Real. Em 2008, as retiradas dos fundos de ações somaram 9,1 bilhões de reais, um quarto do valor sacado dos multimercados.

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A fuga dos multimercados, curiosamente, não está diretamente relacionada ao mau desempenho das ações neste ano. De acordo com analistas, os investidores estão desistindo de manter suas aplicações nesses fundos porque o retorno não está compensando o risco. "Em momentos de muitas incertezas, como agora, os gestores tendem a ser conservadores e direcionam as aplicações para a renda fixa. Como a taxa de administração dos multimercados em geral é superior a do fundos DI e de renda fixa, o investidor acaba tendo um rendimento menor", explica Marcelo Xandó, diretor da Verax Serviços Financeiros.

Os multimercados são conhecidos por sua flexibilidade, que lhes permite obter bons resultados tanto em momentos de alta quanto de queda no mercado acionário. Por trabalharem com diversos tipos de ativos (como câmbio, ouro e títulos de crédito, além de ações e títulos públicos), esses fundos garantem ao gestor a possibilidade de desenvolver uma ampla variedade de estratégias de investimento. O resultado da aplicação dependerá da habilidade do gestor de visualizar cenários e se posicionar frente a eles. "Mas quando há muitas variáveis no mercado, como atualmente, fica difícil para o gestor se posicionar. Nem mesmo os mais experientes conseguem obter uma boa performance", afirma Jucervic.

Um exemplo é o fundo Verde, gerido por Luis Stuhlberger,sócio da Credit Suisse Hedging-Griffo e considerado um dos melhores gestores do Brasil. Até o estouro da atual crise financeira, o fundo vinha acumulando ganho atrás de ganho, superando episódios como as crises da Ásia e da Rússia, a desvalorização do real, os atentados de 11 de setembro, a quebra da Argentina, o apagão energético e o medo da vitória de Lula à presidência da República. Entre 1997 e 2007, quem aplicou no fundo viu seu dinheiro crescer mais de 3.000%. Mas, neste ano, o resultado do fundo está negativo (conheça mais sobre .

O que fazer?
Enquanto volatilidade for a palavra que melhor define o mercado financeiro, os especialistas aconselham os investidores a buscarem opções mais atraentes para suas aplicações. O Certificado de Depósito Bancário (CDB), título de dívida emitido pelos bancos, é uma delas. Com a dificuldade de captar dinheiro devido à crise financeira, muitas instituições decidiram elevar as taxas pagas aos investidores que aplicarem em seus títulos. Assim, parte dos CDBs passou a render mais que os fundos DI e de renda fixa, mas os especialistas advertem: é importante o investidor se certificar da solidez da instituição onde pretende aplicar. Em caso de falência do banco, o Fundo Garantidor de Crédito reembolsa no máximo 60.000 reais por investidor.

Outro investimento indicado é a Nota do Tesouro Nacional série B (NTN-B), título público que tem sua rentabilidade vinculada à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A aplicação vem sendo destacada pelos especialistas por proteger os investimentos da alta da inflação.

Já para quem tem um pouco mais de apetite ao risco, os analistas recomendam os fundos de capital protegido , que limitam as perdas em caso de queda da Bolsa.

O desempenho dos fundos

Fundos de ações Fundos multimercados
Patrimônio líquido (R$)124.306,33248.259,92
Captação líquida no ano (R$)-9.129,22-41.435,15
Participação na indústria (%)10,9221,81

Rentabilidades

Em
ou tubro
Em 2008 Em 1 ano
Multimercados sem renda variável (RV)

0,30

8,6610,74
Multimercados com renda variável (RV)-1,322,875,13
Multimercados sem RV com alavancagem-4,57-2,35-3,23
Multimercados com RV com Alavancagem0,577,809,52
Ações IBOVESPA indexado-14,94-32,25-30,07
Ações IBOVESPA ativo-17,37-38,63-36,40
Ações IBOVESPA ativo com alavancagem-19,05-39,22-37,19
Ações IBrX indexado-16,09-32,49-28,63
Ações IBrX ativo-17,20-38,01-34,67
Ações IBrX ativo com Alavancagem-17,16-40,09-37,31
Ações setoriais telecomunicações-10,90-24,53-29,41
Ações setoriais energia-13,66-22,90-5,97
Ações setoriais livre*-14,97-24,00-24,00
Ações small caps*-18,88-41,60-41,60
Ações dividendos*-14,39-26,30-26,30
Ações sustentabilidade/ governança*-15,97-30,85-30,85
Ações livre-16,65-36,40-36,33
Ações livre com alavancagem-10,36-28,65-27,92
Fundos fechados de ações-1,52-4,2332,16
Ações setoriais Petrobras - FGTS

-20,35

-35,52-10,99
Ações setoriais Petrobras - recursos próprios-20,72-36,18-12,58
Ações setoriais Vale - FGTS-12,53-46,56-48,50
Ações setoriais Vale - recursos próprios-12,87-46,56-48,63
Ações Privatização FGTS - livre-12,53-41,69-42,76
* Início em 31/03/2008

Posição em 13/10/2008
Fonte: Anbid

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