Fundos de investimentos captam um volume 226% maior em 2019
Com juro baixo, ações e multimercados recebem mais aplicações
Tais Laporta
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 14h45.
Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 14h45.
O setor de fundos de investimento alcançou R$ 161,7 bilhões de captação líquida de janeiro a julho deste ano, valor 226% maior que o registrado no mesmo período do ano passado (R$ 49,6 bilhões). De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), os aportes foram liderados pelos fundos multimercados e de ações, que somaram R$ 37,9 bilhões e R$ 32,6 bilhões, respectivamente. A captação deste ano foi inchada, porém, por um fundo de investimento em direitos creditórios (Fidc) de uma grande empresa, que sozinho contribuiu com cerca de R$ 40 bilhões.
“O mercado tem refletido a expectativa de permanência da taxa básica de juros nas alocações dos ativos por um período mais prolongado”, explica Carlos André, vice-presidente da Anbima. “Até 2016, os fundos de renda fixa tinham uma captação maior na comparação com outras classes. Com a redução da Selic em 2017, houve uma procura maior dos investidores por alternativas de investimentos em fundos – e as classes de multimercados e de ações vêm ganhando cada vez mais relevância”, analisa.
Número de contas cresce
O número de investidores em fundos de ações também cresceu. Considerando os fundos de ações que não são originários dos antigos Fundos 157, o total de contas passou de 1,457 milhão em dezembro para 1.698 em junho, último dado disponível, um aumento de 241 mil contas. Já os multimercados passaram de 1,570 milhão contas para 1,892 milhão. ou 321 mil contas a mais. As contas de renda fixa também cresceram, de 8,248 milhões para 8,757 milhões, 511 mil contas a mais. No total, as contas em fundos cresceram de 15,667 em dezembro milhões para 17,234 milhões, ou 1,567 milhão de contas no ano até junho.
O mês de julho refletiu o cenário recente da indústria. Os multimercados puxaram a captação do segmento, com 71% (ou R$ 16 bilhões) dos R$ 22,5 bilhões somados por todas as classes. Na sequência, estão os fundos de ações, com R$ 6,7 bilhões, os de previdência, com R$ 5 bilhões, e os de renda fixa, com R$ 2,4 bilhões.
Ações lideram rentabilidade em julho
A aprovação do texto da reforma da previdência em primeiro turno e a confirmação de um ambiente de juros menores fez com que grande parte dos fundos apresentasse rentabilidade positiva no mês. Na classe ações, em julho, dez dos 12 tipos registraram variação positiva. Entre eles, destacam-se os tipos de investimento no exterior, com ganhos de 4,76%, índice ativo, com 4,12%, e livre, com 3,58%. Todos os multimercados tiveram retornos positivos: o maior, de 1,52%, ficou com o tipo long and short direcional, que investe em ativos e derivativos ligados à renda variável. Os fundos multimercados livre (que podem adotar diversos tipos de estratégia) e macro (que definem as estratégias de investimento baseadas em cenários macroeconômicos de médio e longo prazos) renderam 1,14% e 0,67%, respectivamente.