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Fala de Dilma prevalece e juros encerram o dia em queda

Com a fala do presidente do BC, as taxas reduziram um pouco as perdas vistas pela manhã, mas ainda assim encerraram a sessão abaixo dos ajustes de ontem

Ao dizer que "não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico", Dilma disparou a redução das taxas na curva a termo (REUTERS/Ueslei Marcelino)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 17h45.

São Paulo - Os comentários da presidente Dilma Rousseff sobre a inflação, durante entrevista na África do Sul, trouxeram pressão de baixa para o mercado futuro de juros .

Ao dizer que "não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico", Dilma disparou a redução das taxas na curva a termo, em meio à percepção de que a alta da Selic não está no horizonte. À tarde, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falou com exclusividade à Agência Estado, a pedido de Dilma. "Ela pede para que o mal entendido seja desfeito: não há tolerância com a inflação", disse Tombini.

Com a fala do presidente do BC, as taxas reduziram um pouco as perdas vistas pela manhã, mas ainda assim encerraram a sessão abaixo dos ajustes de ontem. As apostas na curva a termo na elevação da Selic em abril foram quase zeradas e analistas se questionam sobre a possibilidade de o ciclo de aperto monetário, de fato, começar em maio - como atualmente é precificado pelo mercado.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em julho de 2013 (426.140 contratos negociados) estava em 7,13%, ante 7,12% da mínima de hoje e 7,17% do ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2014 (524.650 contratos) marcava 7,74%, ante 7,72% da mínima e 7,78% do ajuste, enquanto o vencimento para janeiro de 2015 (440.105 contratos) tinha taxa de 8,45%, ante 8,42% da mínima e 8,52% do ajuste.

Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (131.910 contratos) marcava 9,28%, ante 9,24% da mínima e 9,33% do ajuste de ontem, enquanto o vencimento para janeiro de 2021 (6.605 contratos) tinha taxa de 9,83%, ante 9,81% da mínima e 9,86% do ajuste de ontem.

Pela manhã, Dilma afirmou ainda que o "receituário que quer matar o doente, em vez de curar a doença, é complicado". "Vou acabar com o crescimento no País? Isso está datado. Isso eu acho que é uma política superada", comentou.

"Isso não significa que o governo não está atento. Não só estamos atentos, como acompanhamos diuturnamente a questão da inflação. Não achamos que a inflação está fora de controle. Pelo contrário, ela está controlada. O que há são alterações e flutuações conjunturais. Mas nós estaremos sempre atentos", acrescentou.


Em outro momento, Dilma afirmou que "geralmente, nas questões específicas de inflação, deixo para ser falado pelo ministro da Fazenda, mas vou te adiantar algumas questões".

Depois, continuou: "Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico. Até porque temos a contraprova dada pela realidade. Tivemos um baixo crescimento no ano passado e houve um aumento de inflação, porque teve um choque de oferta devido à crise, e um dos fatores é externo. Não tem nada que possamos fazer a não ser expandir a nossa produção para conter o aumento dos preços das commodities derivado da quebra de safra nos Estados Unidos."

Profissionais ouvidos pela reportagem chamaram a atenção para dois pontos principais dos comentários de Dilma. Em primeiro lugar, para o momento em que Dilma diz não concordar com políticas de combate à inflação que "olhem a redução do crescimento econômico".

"A presidente, como mandatária da política econômica, não enxerga necessidade de alta de juros, já que isso poderia reduzir o crescimento econômico", interpretou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. Outro ponto foi o que Dilma citou o Ministério da Fazenda - e não o Banco Central - no que diz respeito às "questões específicas de inflação".

Durante a tarde, porém, Tombini disse que Dilma havia pedido para reforçar que a interpretação de tolerância com a inflação era equivocada. O presidente do BC disse ainda que "de inflação, quem fala é a equipe econômica, BC e Fazenda. Em relação à política de juros, quem fala é o BC".

Os comentários de Tombini desaceleram a queda dos juros, mas ainda assim as taxas encerraram o dia em baixa, com profissionais colocando em dúvida a autonomia do Banco Central para elevar a Selic quando for necessário. No fim da tarde, Dilma voltou a falar rapidamente com a imprensa em Durban, na África do Sul, e disse que o "combate à inflação é um valor em si".

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Ao dizer que "não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico", Dilma disparou a redução das taxas na curva a termo, em meio à percepção de que a alta da Selic não está no horizonte. À tarde, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falou com exclusividade à Agência Estado, a pedido de Dilma. "Ela pede para que o mal entendido seja desfeito: não há tolerância com a inflação", disse Tombini.

Com a fala do presidente do BC, as taxas reduziram um pouco as perdas vistas pela manhã, mas ainda assim encerraram a sessão abaixo dos ajustes de ontem. As apostas na curva a termo na elevação da Selic em abril foram quase zeradas e analistas se questionam sobre a possibilidade de o ciclo de aperto monetário, de fato, começar em maio - como atualmente é precificado pelo mercado.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros com vencimento em julho de 2013 (426.140 contratos negociados) estava em 7,13%, ante 7,12% da mínima de hoje e 7,17% do ajuste de ontem. O DI para janeiro de 2014 (524.650 contratos) marcava 7,74%, ante 7,72% da mínima e 7,78% do ajuste, enquanto o vencimento para janeiro de 2015 (440.105 contratos) tinha taxa de 8,45%, ante 8,42% da mínima e 8,52% do ajuste.

Na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2017 (131.910 contratos) marcava 9,28%, ante 9,24% da mínima e 9,33% do ajuste de ontem, enquanto o vencimento para janeiro de 2021 (6.605 contratos) tinha taxa de 9,83%, ante 9,81% da mínima e 9,86% do ajuste de ontem.

Pela manhã, Dilma afirmou ainda que o "receituário que quer matar o doente, em vez de curar a doença, é complicado". "Vou acabar com o crescimento no País? Isso está datado. Isso eu acho que é uma política superada", comentou.

"Isso não significa que o governo não está atento. Não só estamos atentos, como acompanhamos diuturnamente a questão da inflação. Não achamos que a inflação está fora de controle. Pelo contrário, ela está controlada. O que há são alterações e flutuações conjunturais. Mas nós estaremos sempre atentos", acrescentou.


Em outro momento, Dilma afirmou que "geralmente, nas questões específicas de inflação, deixo para ser falado pelo ministro da Fazenda, mas vou te adiantar algumas questões".

Depois, continuou: "Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico. Até porque temos a contraprova dada pela realidade. Tivemos um baixo crescimento no ano passado e houve um aumento de inflação, porque teve um choque de oferta devido à crise, e um dos fatores é externo. Não tem nada que possamos fazer a não ser expandir a nossa produção para conter o aumento dos preços das commodities derivado da quebra de safra nos Estados Unidos."

Profissionais ouvidos pela reportagem chamaram a atenção para dois pontos principais dos comentários de Dilma. Em primeiro lugar, para o momento em que Dilma diz não concordar com políticas de combate à inflação que "olhem a redução do crescimento econômico".

"A presidente, como mandatária da política econômica, não enxerga necessidade de alta de juros, já que isso poderia reduzir o crescimento econômico", interpretou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil. Outro ponto foi o que Dilma citou o Ministério da Fazenda - e não o Banco Central - no que diz respeito às "questões específicas de inflação".

Durante a tarde, porém, Tombini disse que Dilma havia pedido para reforçar que a interpretação de tolerância com a inflação era equivocada. O presidente do BC disse ainda que "de inflação, quem fala é a equipe econômica, BC e Fazenda. Em relação à política de juros, quem fala é o BC".

Os comentários de Tombini desaceleram a queda dos juros, mas ainda assim as taxas encerraram o dia em baixa, com profissionais colocando em dúvida a autonomia do Banco Central para elevar a Selic quando for necessário. No fim da tarde, Dilma voltou a falar rapidamente com a imprensa em Durban, na África do Sul, e disse que o "combate à inflação é um valor em si".

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