Euro cai pressionado por erro em sistema de precificação

O erro em um sistema de precificação de bônus que mostrou que os juros dos títulos de 10 anos da Espanha haviam subido acima de 6% causou confusão nos mercados de câmbio nesta terça-feira pela manhã e pode ter contribuído para a forte queda do euro nas últimas horas, dizem analistas.

A falha ocorreu no sistema da Bloomberg LP, que exibiu o yield do bônus com vencimento em 2022 como se fosse dos títulos que vencem em 2024. A Bloomberg afirma que notificou todos os seus clientes sobre o erro e informou que está investigando a falha.

A troca nos yields dos bônus de 2022 e 2024 não alarmou os traders de bônus, mas alguns outros participantes do mercado ficaram assustados com o fato de o yield ter superado 6%, o que significaria uma alta de quase 30 pontos-base em relação ao nível observado no fim da tarde de segunda-feira (08). Na verdade, no momento o yield do bônus de 10 anos estava praticamente estável, em 5,75%.

Uma porta-voz da Bloomberg disse que a mudança foi consequência de uma erro ocorrido no início da sessão na Europa. Mas ela se negou a informar a hora exata em que o problema foi registrado ou quando o erro foi corrigido. A companhia disse que notificou todos os clientes sobre o incidente. "Nós estamos investigando o que causou esse erro", afirmou a porta-voz.

Traders do Citigroup dizem que a confusão foi um dos fatores por trás da queda do euro em relação ao dólar. "Alguns sistemas mostraram o spread errado entre os yields dos bônus da Espanha e da Alemanha e os traders ficaram assustados", diz o banco em nota enviada a clientes.

Geoffrey Yu, estrategista de câmbio do UBS, também disse que o erro foi motivo de confusão no mercado de câmbio. "Mas se isso foi uma razão direta da queda do euro ainda não está claro. Existem muitos comentários de líderes da União Europeia feitos ontem que ainda estão sendo digeridos", comenta. Por volta das 13h40 (de Brasília), o euro estava cotado a US$ 1,2877, de US$ 1,2968 no fim da tarde de ontem em Nova York.

Os mercados de bônus soberanos e de contratos de swaps de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) não reagiram ao erro no yield dos títulos espanhóis, o que sugere que os especialistas dessa área provavelmente perceberam a troca dos sinais. Ainda assim, o episódio reflete o alto nível de estresse nos mercados de bônus europeus.

As agências governamentais de dívida geralmente lançam um bônus para substituir títulos benchmark e não usam um papel com vencimento mais distante, como é o caso do título espanhol para janeiro de 2024, que foi emitido originalmente como um bônus de 15 anos. A Espanha atualmente não tem um bônus que vence em 2013.

Segundo analistas, o crescente risco de o país ser forçado a pedir ajuda externa significa que seria difícil para o governo espanhol vender um novo bônus benchmark de 10 anos no momento com uma taxa razoável.

Nos últimos meses, o país tem preferido emitir papéis de menor prazo, que podem se beneficiar do novo programa de compras de bônus do Banco Central Europeu (BCE). As informações são da Dow Jones.