EUA e Adani rompem acordo de financiamento de porto no Sri Lanka
Retirada de Adani de acordo de US$ 553 milhões encerra iniciativa apoiada pelos EUA para contrabalançar influência chinesa na região
Redator na Exame
Publicado em 11 de dezembro de 2024 às 08h52.
Última atualização em 11 de dezembro de 2024 às 08h52.
A Adani Ports and Special Economic Zone, controlada pelo bilionário Gautam Adani, anunciou a retirada de seu pedido de financiamento de US$ 553 milhões (R$ 3,36 bilhões) da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA (DFC, na sigla em inglês) para o desenvolvimento de um terminal portuário em Colombo, Sri Lanka. O anúncio ocorreu semanas após Adani e executivos do grupo serem indiciados em tribunais americanos por acusações de suborno. As informações são da Bloomberg.
Projeto segue apesar de controvérsias
Segundo comunicado da empresa nesta terça-feira, 10, o terminal será financiado por recursos internos e um plano de gestão de capital da companhia. A construção, que já está em andamento, também conta com parceiros locais do Sri Lanka.
"O projeto será financiado por meio de recursos internos e nosso plano de gestão de capital," afirmou o comunicado. "Retiramos nosso pedido de financiamento do DFC."
O comunicado não mencionou o recente indiciamento de Adani, o segundo homem mais rico da Ásia, acusado de pagar ou prometer pagar mais de US$ 250 milhões (R$ 1,52 bilhão) em subornos a autoridades indianas para obter contratos de energia solar, além de ocultar as práticas ao buscar financiamento de investidores americanos. A Adani Group negou todas as acusações.
Histórico do acordo
O financiamento havia sido anunciado no ano passado como parte dos esforços dos EUA para oferecer uma alternativa aos investimentos chineses em infraestrutura no mundo em desenvolvimento. O terminal portuário de águas profundas, chamado West Container Terminal, estava programado para começar a operar em dezembro de 2024, sendo o maior investimento do DFC na Ásia.
O CEO do DFC, Scott Nathan, destacou em novembro de 2023 que o projeto era prioridade para reforçar a presença americana no Indo-Pacífico, região considerada essencial para o crescimento econômico global.
O projeto foi anunciado com grande entusiasmo, mas nos meses seguintes, as negociações não avançaram, e nenhum financiamento americano havia sido liberado antes do encerramento das conversas.
Impactos do indiciamento nos negócios de Adani
Desde o anúncio do Departamento de Justiça dos EUA sobre as acusações de suborno, o grupo Adani enfrenta crescente escrutínio. Recentemente,o Quênia cancelou contratos no valor de US$ 2,6 bilhões (R$ 15,79 bilhões) relacionados a projetos de aeroportos e transmissão de energia propostos pelo conglomerado.
Apesar disso, Adani continua demonstrando esforços para manter a normalidade de suas operações. O bilionário foi visto ao lado do primeiro-ministro indiano Narendra Modi em um evento público, reafirmando compromissos de investimentos massivos no mercado doméstico.
Relevância do porto de Colombo
O porto de Colombo, um dos mais movimentados do Oceano Índico devido à sua localização estratégica em rotas internacionais de transporte marítimo, continua sendo uma peça central nos planos do Adani Group. A Sri Lanka Ports Authority informou que o projeto segue adiante, com a empresa responsável buscando investimentos estrangeiros diretos para financiar o terminal.
A saída de Adani do acordo de financiamento marca um revés significativo na estratégia dos EUA para conter a crescente influência da China na região, enquanto também expõe os desafios enfrentados pelo conglomerado indiano em meio a múltiplas acusações e crescente pressão regulatória.