Estratégia de BCs eleva apostas em dívida com a inflação
Investidores aplicam em títulos atrelados a índices de preços no ritmo mais alto em dois anos
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2012 às 20h00.
Nova York - O crescimento está tão fraco nos mercados emergentes que bancos centrais estão tolerando inflação maior para estimular suas economias. Como resultado, investidores aplicam em títulos atrelados a índices de preços no ritmo mais alto em dois anos.
A inflação média nas 15 maiores economias em desenvolvimento acelerou para 4,3 por cento em setembro, o maior patamar em sete meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.
No Brasil, a diferença entre as taxas das Notas do Tesouro Nacional série F, que são prefixadas, com vencimento em 10 anos, e o rendimento das NTN-B, que são indexadas à inflação, aumentou 56 pontos base nos últimos três meses até ontem, a maior alta desde 2010, para 5,99 por cento. A diferença aumentou 108 pontos-base na Turquia, para 6,09 por cento, e 63 na África do Sul, para 5,52 por cento.
Crescimento em 1º lugar
O aumento da diferença, que reflete expectativas de inflação, mostra que os investidores esperam que os bancos centrais mantenham as taxas de juros baixas e sustentem o crescimento. Isso ao mesmo tempo em que o Fundo Monetário Internacional diz que o risco de uma recessão global é “altamente alarmante”.
O BC da Tailândia cortou a taxa básica de juros inesperadamente hoje, uma semana depois que o BC brasileiro reduziu a Selic para a mínima histórica de 7,25 por cento e sinalizou a intenção de segurar a taxa baixa por um “período prolongado”.
“Quando eles têm que escolher entre crescimento e inflação, o crescimento tornou-se mais importante do que foi nos últimos cinco anos”, disse Guillermo Osses, que administra US$ 12 bilhões em ativos como chefe de renda fixa para mercados emergentes no HSBC Asset Management, em entrevista por telefone de Nova York em 28 de setembro. “Começamos a ver a inflação se acelerando lentamente.”
Osses disse que comprou títulos atrelados à inflação da Turquia e do Brasil nos últimos dois meses.