Entenda como a Black Friday pode mexer com a sua carteira de ações
O especialista em renda variável da Exame Research, Victor Aguiar, comenta o impacto da Black Friday sobre as ações das grandes varejistas brasileiras
Juliano Passaro
Publicado em 22 de novembro de 2020 às 16h36.
Última atualização em 27 de novembro de 2020 às 09h26.
A Black Friday está chegando e as promoções em sites de grandes varejistas já começaram a aparecer antes mesmo do início do "evento", que acontece todo ano na última sexta-feira do mês de novembro. Nos anos anteriores, as empresas se beneficiavam com as vendas online e presenciais. Neste ano, entretanto, o panorama é um pouco diferente, já que a pandemia de coronavírus continua fazendo vítimas no País e as aglomerações não são recomendadas. Com isso, surgem algumas dúvidas: como ficarão as vendas das varejistas? Qual deve ser o impacto da Black Friday sobre as ações dessas empresas?
De acordo com o especialista em renda variável, Victor Aguiar, a Black Friday deste ano será ainda mais importante para varejistas que possuem um forte e-commerce. Nesta briga entram três gigantes; Magazine Luiza, Via Varejo e B2W. As três companhias apostam forte no comércio eletrônico e costumam ter bons resultados de vendas neste evento.
O especialista da Exame Research afirmou também que o evento servirá de termômetro para saber o quão aquecida ainda está a demanda por compras on-line, considerando o forte crescimento já observado no primeiro semestre. "Um resultado forte, com vendas volumosas, tende a dar impulso às ações, uma vez que sinalizaria que essa 'avenida de crescimento' ainda está sólida. Caso as vendas fiquem aquém do esperado, as ações podem passar por instabilidades na bolsa", destacou Aguiar.
A Magazine Luiza conta com as vendas de sua marca (Magalu) e também da Netshoes, que foi adquirida no ano passado. Já a Via Varejo possui as Casas Bahia, o Ponto Frio e o Extra.com.br. A B2W tem sob seu guarda-chuva as seguintes marcas: Americanas.com, Submarino e Shoptime.
"Quando a gente olha para os resultados dessas companhias no terceiro trimestre, dá para ver que as vendas digitais ganharam muita importância durante a pandemia e têm crescido num ritmo bem forte ao longo do ano. Na Magazine Luiza, as vendas totais do e-commerce no 3º trimestre chegaram a R$ 8,2 bilhões, um crescimento de 148% na base anual — a cifra representa 66% das vendas totais da companhia. Na Via Varejo, as vendas digitais no trimestre representaram 41% do total, alcançando R$ 4,1 bilhões (+219%)", analisa o especialista da Exame Research.
O comércio eletrônico, de acordo com uma pesquisa da Ebit/Nielsen, realizada junto a Elo, teve a maior alta dos últimos 20 anos no primeiro semestre deste ano. Segundo a pesquisa, as vendas online avançaram 47% de janeiro a junho, totalizando R$ 38,8 bilhões. O levantamento destacou que a maior alta das compras online aconteceu entre abril e junho, o que mostra a ligação que o fenômeno teve com o isolamento social adotado em todo Brasil. Isso, porém, deve mudar.
De acordo com o especialista da Exame Research, a reabertura gradual das lojas físicas nos últimos meses deve diminuir a expansão rápida que o e-commerce estava tendo nos meses anteriores. "Com as pessoas voltando a frequentar as lojas, é razoável imaginar que o volume de compras on-line vá diminuir aos poucos, mas sem voltar aos níveis pré-pandemia. Pressupõe-se que parte dessa 'mudança de hábito' vá ficar enraizada, e que o e-commerce será um fator cada vez mais importante para o varejo", disse Aguiar.
O especialista da Exame Research também destacou que é necessário que o investidor fique atento a possíveis comunicações das empresas nos dias seguintes à Black Friday, cuja data oficial é o próximo dia 27 de novembro. Isso porque o departamento de Relação com os Investidores (R.I) pode realizar atualizações a respeito do desempenho das vendas das empresas após o evento. "Vale lembrar que o quarto trimestre é sazonalmente mais forte [para as varejistas], por concentrar a Black Friday e as vendas de fim de ano", acrescentou Aguiar.
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