Enfim, um refresco: Inflação abaixo do esperado dá alívio a juros nos EUA e puxa bolsa brasileira
Núcleo do CPI veio menor do que as expectativas, e aumenta aposta em corte de juros pelo Fed neste ano
Repórter de finanças
Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 11h32.
Os dados da inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos renovaram as esperanças de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) possa cortar os juros em 2025.
O movimento impulsionou para baixo os juros futuros americanos, com as taxas de 10 anos devolvendo as altas nesta quarta-feira, 15, depois de alcançarem a máxima em mais de duas décadas nesta semana ao esbarrarem nos 5%.
Logo após a divulgação dos dados de inflação, o T-Note de dois anos caía 1,74%; o de cinco anos, -2,07%; e o de 10 anos, a taxa de longo prazo que é referência para a economia mundial, -2,03%.
A bolsa brasileira, que está muito sensível aos dados americanos, salta mais de 1% durante a manhã, enquanto o dólar, que registrava alta, virou para queda, recuando 0,32% e se aproximando dos R$ 6. Os juros futuros por aqui também recuam, com o DI de 2029 caindo 1,4%."A inflação do núcleo mais branda será um alívio para muitos, reduzindo os rendimentos dos títulos dos EUA e, em uma mudança em relação aos últimos meses, colocando pressão de baixa sobre os as taxas e, todo o mundo", diz Mohamed El-Erian, gestor que já foi o CEO da gigante PIMCO e liderou o endowment de Harvard.
O resultado foi a migração das apostas para o primeiro corte de 2025, que estavam para julho de 2025, para junho após o CPI. Segundo a plataforma FedWatch, do CME Group, agora 44% apostam no corte na reunião do dia 18 de junho.
As chances de corte no geral em 2025 também subiram a 82,7%, de 75,5% após CPI. Já as apostas para um corte de 0,50 p.p. até dezembro avançaram para 30,7%, de 25,5%.
Depois de uma surpresa com dados de criação de vagas de trabalho acima do esperado na semana passada sinalizarem uma economia ainda aquecida, o movimento de queda nos Treasuries começou ontem, quando o Índice de Preços ao Produtor (PPI) de dezembro veio em +0,2%, de +0,4% em novembro e ante o consenso de +0,3%.
Hoje, o grande destaque foi o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que subiu subiu 0,4% em dezembro, em linha com o consenso.O que mais chamou atenção do mercado, no entanto, foi o núcleo do indicador, que avançou 0,2%, ante a previsão de +0,3%.
Apesar do alívio, o começo de ano promete ser um tanto ciclotímico para os mercados, especialmente sensíveis aos diversos dados de inflação e atividade americana – e às políticas de imigratórias e tarifárias de Donald Trump.
“Importante destacar que esse o CPI reflete apenas os dados de dezembro, enquanto a maior elevação nos preços do petróleo ocorreu em janeiro, o que sugere que o CPI do próximo mês deve vir pressionado”, pondera Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
No curto prazo, ele acredita que nada deve mudar na cautela do Fed. “No próximo encontro do Federal Reserve, em 29 de janeiro, é improvável que haja redução na taxa. A projeção para março também é incerta, especialmente considerando fatores como a campanha política de Trump, cujo impacto nas políticas econômicas e nos planos de longo prazo do governo é cada vez mais evidente.”
Segundo o especialista, alguns eventos, como o prolongamento das negociações na Ucrânia e ajustes nas tarifas comerciais, que agora devem ocorrer de forma gradual, adicionam incertezas ao cenário.