Em “bolsa paralela”, investidores apostam na vitória de Bolsonaro
Nessa bolsa, ganha dinheiro quem acertar o próximo presidente e há presidenciáveis sendo negociados “com desconto” e outros que estão caros
Karla Mamona
Publicado em 22 de agosto de 2018 às 06h30.
Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 16h54.
São Paulo - A cada quatro anos, a rotina de quem trabalha no mercado financeiro fica mais tensa por conta das eleições. O desafio de analistas, gestores de fundos e assessores financeiros é investir, ou recomendar aplicações, num cenário mais volátil que o habitual.
O que pouca gente sabe é que, nos bastidores, esses profissionais criam uma espécie de “bolsa paralela”, em que as ações são os candidatos a presidente.
Os traders apostam entre si, de maneira informal, nos candidatos dos quais acreditam que irão ganhar as eleições. Os interessados em participar se reúnem em grupos no whatsapp e cada corretora tem um responsável em arrecadar o dinheiro da aposta, disseram ao site EXAME alguns profissionais que participam desse mercado.
Nessa bolsa, ganha dinheiro quem acertar o próximo presidente – e, como acontece no mercado de ações, há presidenciáveis sendo negociados “com desconto” e outros que estão caros.
Existem mais de uma dessas bolsas paralelas, mas as cotações dos candidatos são parecidas. “Os traders até brincam em comparar os valores. Para ver o spread ( diferença entre as melhores ofertas de compra e venda de um mesmo ativo) ", disse uma fonte em off.
Atualmente, o candidato mais caro é Jair Bolsonaro. Ele é cotado a 32 centavos, em média: isso significa que é preciso desembolsar esse valor para apostar em sua vitória; se Bolsonaro vencer, o ganho é de 1 real.
Após as últimas pesquisas eleitorais, Fernando Haddad valorizou, sendo cotado atualmente por 23 centavos. Em contrapartida, Geraldo Alckmin viu seu "valor" cair. O candidato do PSDB já valeu 28 centavos após fechar o acordo com o Centrão, hoje ele está cotado por 22 centavos.
As ações de Marina Silva valem cerca de 10 centavos cada uma. Já Luiz Inácio Lula da Silva e Ciro Gomes estão em baixa na bolsa das eleições. Os ativos são cotados por 3 centavos, o que indica que o mercado não acredita que eles têm chances de ganhar – mas, se isso acontecer, quem apostou neles pode ganhar dinheiro.