É a vez do ouro? Metal bate US$ 1.400 com expectativa de corte de juros
Cotação disparou e alcançou maior valor desde setembro de 2013.
Tais Laporta
Publicado em 23 de junho de 2019 às 07h15.
Última atualização em 23 de junho de 2019 às 07h15.
O ouro voltou a cair no gosto dos investidores. A cotação do metal precioso disparou depois de alguns meses sem grandes oscilações e ultrapassou US$ 1.400 a onça pela primeira vez desde setembro de 2013 na sexta-feira. Os investidores voltaram a apostar em fundos de índices negociados em bolsa e o Federal Reserve estimulou as compras de ativos esta semana quando abriu caminho para reduzir as taxas de juros, o que ao mesmo tempo enfraqueceu o dólar e aumentou o interesse por aplicações em ouro.
Os bancos centrais da Europa e da Austrália contribuíram para a narrativa positiva, sinalizando que também estão dispostos a adotar medidas para estimular o crescimento econômico. E o apelo do ouro como ativo seguro foi reforçado em meio ao aumento das tensões entre EUA e Irã após a queda de um drone americano.
"Dada a recente inclinação dovish dos bancos centrais, o interesse no ouro deve aumentar ainda mais nos próximos dois anos", disse Wayne Gordon, diretor executivo de commodities e câmbio da unidade de gestão de patrimônio do UBS, em Cingapura. "Se o Fed conseguir manter as expectativas de inflação ancoradas em torno de 2%, os cortes das taxas empurrarão os juros reais para território negativo e, portanto, o ouro poderá ter um bom desempenho neste ambiente."
Na quarta-feira, pela primeira vez desde 2008, o Fed sinalizou disposição de diminuir os custos dos financiamentos. As autoridades citaram “incertezas” e projetam que o banco central americano deve ficar ainda mais distante de sua meta de inflação de 2% este ano. Um dia antes, o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, também deu pistas de que mais estímulo monetário poderia estar no horizonte. Os bancos centrais da Austrália, Índia e Rússia reduziram os juros este mês.
"O único risco que vejo para o ouro nos próximos três meses é se o Fed não agir em julho", disse Gordon. O UBS prevê dois cortes dos juros este ano, mas o mercado está precificando três, disse.
A crescente demanda por ativos mais seguros aumentou o fluxo de recursos para os ETFs atrelados ao ouro. As posições monitoradas pela Bloomberg devem registrar o maior salto mensal desde janeiro. O bilionário Paul Tudor Jones disse na semana passada que o metal precioso é sua escolha favorita nos próximos 12 a 24 meses e que, se a cotação atingisse US$ 1.400, rapidamente subiria para US$ 1.700.