Dólar vai abaixo de R$3,40 após STF manter Renan na presidência
Na véspera, o mercado ficou animado com notícias de que estava sendo costurado um acordo para garantir Renan na presidência do Senado
Reuters
Publicado em 8 de dezembro de 2016 às 17h16.
São Paulo - O dólar fechou em queda e voltou abaixo de 3,40 reais nesta quinta-feira, pela primeira vez em dezembro, com o mercado aliviado com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na véspera de manter Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado Federal, o que deve facilitar a votação de medidas econômicas importantes para o governo do presidente Michel Temer.
O dólar recuou 0,62 por cento, a 3,3830 reais na venda, o menor patamar desde 22 de novembro (3,3565 reais). Foi a quarta queda consecutiva, período no qual a moeda norte-americana cedeu 2,58 por cento.
Na mínima da sessão, o dólar bateu em 3,3705 reais e, na máxima, em 3,4187 reais na máxima. O dólar futuro operava em queda de cerca de 0,10 por cento no final desta tarde.
"Ficou patente na véspera que ia ter um acordo. Existe alguma precificação ainda da decisão do STF, mas o mercado já começa a olhar para a frente", comentou mais cedo o gestor do departamento de câmbio da corretora Gradual Investimentos, Hamilton Bernal.
Na véspera, o mercado ficou animado com notícias de que estava sendo costurado um acordo para garantir Renan na presidência do Senado.
No início da noite passada, o STF decidiu, por 6 votos a 3, manter Renan à frente do Senado, mas tirá-lo da linha sucessória da Presidência da República, movimento que, na prática, tem poucos efeitos contra o senador, que na semana passada se tornou réu em uma ação penal sob acusação de peculato.
Com isso, estava mantida a agenda de votações no Senado que prevê, na próxima terça-feira, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos, importante medida do governo para tentar colocar a economia nos eixos.
No final da manhã, no entanto, o dólar chegou a subir sobre o real e bateu a máxima da sessão após o Banco Central Europeu (BCE) reduzir o programa de estímulos a 60 bilhões de euros por mês e o presidente da instituição, Mario Draghi, sinalizado avanço da economia.
"Draghi disse que a economia está voltando à vida, o que pode significar mais juros em algum momento, e que a deflação está fora de cogitação", comentou um operador de uma corretora local naquele momento.
O BCE cortou inesperadamente suas compras de ativos para 60 bilhões de euros por mês, a partir de abril de 2017, dos atuais 80 bilhões de euros. O montante valerá até o final do próximo ano e, caso necessário, poderá ser elevado novamente.
Draghi disse, em entrevista coletiva, que há indicação de alguma recuperação global mais forte, que a inflação subirá mais em 2018 e em 2019 e que não há risco de deflação.
Com o movimento do BCE, deve haver menor liquidez global e sobrará menos recursos para países como o Brasil. No exterior, o dólar subia diante outras moedas de emergentes, como o peso mexicano e a lira turca.
Seguia no radar dos investidores a proximidade da reunião do Federal Reserve, banco central norte-americano, na semana que vem, quando deve elevar os juros, como amplamente esperado em pesquisa Reuters.
Os investidores, no entanto, vão buscar pistas sobre novos e/ou maiores aumentos após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, cuja política econômica pode ser inflacionária.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de 15 mil swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares, para rolagem dos contratos que vencem em janeiro.