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Dólar tem queda após superar os R$ 4; Bolsa sobe com política mais calma

Moeda fechou em R$3,91 depois de forte alta no dia anterior por conta de conflitos entre governo e Congresso; Ibovespa subiu 2,7%

Dólar: moeda atingiu os R$4 no decorrer do dia (Yuji Sakai/Getty Images)
BC

Beatriz Correia

Publicado em 28 de março de 2019 às 17h23.

Última atualização em 28 de março de 2019 às 18h14.

O Ibovespa fechou em forte alta nesta quinta-feira, com sinais mais apaziguadores do front político servindo como argumento para ajustes após fortes perdas recentes, enquanto a volatilidade tende a continuar elevada no pregão, em meio às expectativas para a pauta econômica no país.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 2,7%, a94.388,94pontos. O volume financeiro somou 17,4 bilhões de reais.

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Na véspera, a bolsa paulista caiu 3,57 por cento, para 91.903,40 pontos, encerrando na mínima do dia, em nova sessão contaminada por desconfianças com a cena política. No começo da semana passada, o Ibovespa tinha superado os 100 mil pontos pela primeira vez durante o pregão.

"A volatilidade aumentou e acho que pode permanecer alta até que a reforma seja aprovada", afirmou o gestor de portfólio Guilherme Foureaux, sócio na Paineiras Investimentos.

Agentes financeiros vinham mostrando desconforto com o ambiente político, particularmente a articulação do governo para a aprovação do texto que muda as regras das aposentadorias, considerado crucial para a melhora fiscal do país, mas que vem enfrentando dificuldades no avanço de sua tramitação.

Na véspera, os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltaram a trocar farpas publicamente, um dia após a Câmara aprovar PEC que reduz margem de manobra do orçamento pelo governo. Nesta sessão, contudo, sinalizações mais apaziguadoras acalmaram os ânimos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara procuraram mostrar um discurso afinado em entrevista à imprensa após almoçarem juntos nesta quinta-feira e garantiram que, após os atritos políticos recentes, a reforma da Previdência vai deslanchar no Legislativo.

Mais cedo, Bolsonaro também disse que a crise com o presidente da Câmara é página virada e que da sua parte não há qualquer problema com o parlamentar. "Foi uma chuva de verão e agora o céu está lindo", disse.

Na parte da tarde, foi a vez de o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, contribuir ao afirmar que "se Deus quiser" o relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara seria definido nesta quinta-feira, o que foi confirmado durante o ajuste de fechamento.

A CCJ é o primeiro colegiado em que a reforma da Previdência tramitará e a expectativa era de que o relator fosse anunciado no começo desta semana. Nesta quinta-feira, o presidente da CCJ disse que o deputado federal Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) será o relator da proposta.

"Hoje vimos sinais, mesmo que incipientes, de arrefecimento da crise política. Por ora, a despeito da volatilidade e de todos os ruídos, não parece haver nenhuma mudança substancial de cenário local", afirmou o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos, em nota a clientes.

O cenário externo também continuou no radar, em meio a preocupações com o ritmo de crescimento da economia global, com o fechamento modesto mas positivo em Wall Street ajudando na recuperação das ações brasileiras.

Destaques

- ELETROBRAS ON saltou 7,13 por cento, após reportar lucro líquido de 12,07 bilhões de reais no quarto trimestre de 2018. O presidente-executivo da elétrica afirmou que a empresa e o governo estão avaliando diversos possíveis modelos para capitalizar a companhia, com decisão prevista para junho.

- VALE encerrou com decréscimo de 0,6 por cento, após divulgar lucro líquido de 14,485 bilhões de reais no quarto trimestre, que ficou em linha com o esperado no mercado. Também repercutiram declarações de executivos da mineradora sobre os impactos na produção e vendas relacionados ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG).

- BRADESCO PN avançou 5,08 por cento, favorecendo a recuperação do Ibovespa, assim como ITAÚ UNIBANCO PN, que subiu 3,96 por cento.

- PETROBRAS PN fechou em alta de 2,63 por cento, apesar da fraqueza nos preços do petróleo no mercado externo, acompanhando a melhora no pregão paulista.

- RUMO avançou 3,84 por cento, após vencer nesta quinta-feira o leilão de concessão da ferrovia Norte-Sul, com um lance de 2,719 bilhões de reais.

- SUZANO cedeu 2,25 por cento, após alta na véspera, conforme o dólar também recuou frente ao real nesta sessão.

Dólar

Depois de um solavanco logo no começo do pregão, quando superou os 4 reais pela primeira vez em cerca de seis meses, o dólar perdeu força e fechou em firme queda nesta quinta-feira, com investidores repercutindo as tentativas de trégua entre Executivo e Legislativo, depois de dias de elevada tensão.

O dólar à vista terminou em baixa de 0,94%, a 3,9174 reais na venda.

Nos primeiros minutos da sessão, a cotação havia escalado para 4,0165 reais.

Na B3, a referência do dólar futuro acelerou a queda após anúncio do relator da reforma da Previdência na CCJ, deputado delegado Marcelo Freitas (PSL-MG). Próximo do fechamento, era cotado a 3,9015 reais, em queda de 2,3 por cento.

"O anúncio permite que o cronograma avance. E com isso podemos ter materializado nosso cenário-base, que contempla aprovação da reforma da Previdência", afirmou David Beker, estrategista do Bank of America Merrill Lynch, que mantém estimativa de dólar a 3,60 reais ao fim de 2019.

Na véspera, o dólar à vista havia disparado 2,27 por cento, a 3,9545 reais, no maior patamar desde 1º de outubro passado (4,0183 reais). Apenas na quarta-feira, fundos de investimento compraram, em termos líquidos, cerca de 2 bilhões de dólares em contratos de dólar futuro, cupom cambial e swap cambial, segundo dados da B3.

Nos primeiros minutos desta quinta, o dólar escalou para 4,0165 reais. Em seguida, porém, um movimento de realização de lucros começou a ganhar força no mercado. A amenização de tom por parte de autoridades do governo, incluindo os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ajudou a reduzir o clima bélico que catapultou o dólar nos últimos dias.

Operadores comentaram ao longo do dia que o melhor termômetro para o sentimento no mercado de câmbio nesta sessão é o dólar futuro, que operou em queda desde cedo. Na véspera, o mercado futuro captou a nova rodada de troca pública de farpas entre Bolsonaro e Maia. No fim da quarta-feira, o dólar futuro havia superado os 4,00 reais.

As operações com dólar futuro se encerram às 18h, uma hora depois do fim do pregão no mercado interbancário.

A venda de 1 bilhão de dólares em linhas de dólares por parte do Banco Central nesta quinta-feira reforçou o viés de realização de lucros no mercado. "Foi uma operação para dizer ao mercado que ele (BC) está atento e não deixará acontecer disfuncionalidade", disse o gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos, Roberto Campos.

As vendas de dólares no Brasil também tiveram espaço com o ambiente externo menos arisco. Moedas emergentes de perfil semelhante ao real, como peso mexicano e rand sul-africano, zeraram as perdas ante o dólar na sessão, depois de dias de perdas.

 

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