Dólar sobe 1,9%, maior alta em 1 ano e meio, e vai a R$ 2,11
Moeda norte-americana teve alta após o ministro da Fazenda, Guido Mantega dizer que o câmbio não será usado como ferramenta para combater a inflação
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2013 às 18h20.
São Paulo - O dólar subiu quase 2 % frente ao real nesta quarta-feira, maior salto em quase um ano e meio e fechando acima do patamar de 2,11 reais pela primeira vez desde o início de dezembro, após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizer que o câmbio não será usado como ferramenta para combater a inflação.
O movimento do câmbio representava mais um desafio para o Banco Central, que precisa definir o tamanho da alta da taxa básica de juros esta noite em meio a persistentes pressões inflacionárias.
A divisa norte-americana ganhou 1,90 %, cotada a 2,1136 reais na venda. Trata-se da maior alta de fechamento desde o dia 12 de dezembro de 2011, quando o dólar subiu 2,14 %.
Na máxima desta sessão, o dólar chegou a registrar alta de mais de 2 % ante à divisa brasileira, a 2,1161 reais na venda. No mês, até o fechamento desta quarta-feira, a moeda norte-americana acumula ganho de 5,60 %.
Mantega defendeu nesta quarta-feira que a valorização do dólar é um movimento internacional em resposta às especulações de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, reduza seu programa de estímulo monetário.
"A maioria das moedas está se desvalorizando. Não é preocupação para o governo. Havendo a desvalorização do real, ficamos mais competitivos", afirmou ele.
As declarações de Mantega reduziram um pouco a expectativa de que o BC intervenha no mercado para conter a alta da moeda norte-americana, movimento que geralmente se traduz em repasses aos preços.
"É como se o Mantega tivesse falado: 'vamos deixar o dólar subir'. Então o problema é o seguinte: se o BC não entrar e não demonstrar nada, aí continua essa alta", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.
Segundo ele, investidores também aproveitavam para puxar para cima as cotações da divisa norte-americana, de olho na formação da Ptax de maio, na sexta-feira.
"Como a Ptax vai fechar logo depois do feriado (de Corpus Christi, na quinta-feira), a briga acaba sendo hoje", afirmou Trabbold.
No entanto, diante da expectativa de que o BC pode elevar a Selic de forma mais branda esta noite, o mercado especulava se a autoridade monetária intervirá para impedir que o dólar continue a subir, evitando pressões inflacionárias adicionais.
"O cenário é ruim lá fora, a apreciação da moeda norte-americana é generalizada e aqui se tem muita lição de casa para fazer", afirmou o gerente de câmbio da Icap, Ítalo dos Santos. "Não dá para falar de patamar, mas em algum momento o BC tem que entrar", emendou.
Os investidores viram as cotações ultrapassarem níveis psicológicos de 2,03, 2,05 e 2,07 reais e agora aguardam a reação do BC após a divisa superar o nível de 2,10 reais --nível que foi fortemente defendido pela autoridade monetária no ano passado.
O dólar tem registrado altas diante da expectativa, na cena externa, de que o Fed reduzirá seu programa de estímulo, diminuindo a liquidez no mercado de câmbio internacional.
Decepção com o PIB
Na cena doméstica, pesa sobre o sentimento do investidor a deterioração das contas externas, a inflação elevada e o fraco crescimento do país.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 0,6 % no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, abaixo das expectativas do mercado de expansão de 0,9 % no período.
Com o fraco resultado, a curva de juros futuros passou a precificar alta mais branda na Selic esta noite, de apenas 0,25 ponto percentual ─ o que levaria a taxa básica de juros para 7,75 % ao ano.
Apesar do grande diferencial de juros do Brasil --cujo BC promove um ciclo de aperto monetário enquanto o resto do mundo corta taxas de juros para incentivar o crescimento--, a mudança nas apostas para a Selic contribuía para a alta do dólar.
São Paulo - O dólar subiu quase 2 % frente ao real nesta quarta-feira, maior salto em quase um ano e meio e fechando acima do patamar de 2,11 reais pela primeira vez desde o início de dezembro, após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizer que o câmbio não será usado como ferramenta para combater a inflação.
O movimento do câmbio representava mais um desafio para o Banco Central, que precisa definir o tamanho da alta da taxa básica de juros esta noite em meio a persistentes pressões inflacionárias.
A divisa norte-americana ganhou 1,90 %, cotada a 2,1136 reais na venda. Trata-se da maior alta de fechamento desde o dia 12 de dezembro de 2011, quando o dólar subiu 2,14 %.
Na máxima desta sessão, o dólar chegou a registrar alta de mais de 2 % ante à divisa brasileira, a 2,1161 reais na venda. No mês, até o fechamento desta quarta-feira, a moeda norte-americana acumula ganho de 5,60 %.
Mantega defendeu nesta quarta-feira que a valorização do dólar é um movimento internacional em resposta às especulações de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, reduza seu programa de estímulo monetário.
"A maioria das moedas está se desvalorizando. Não é preocupação para o governo. Havendo a desvalorização do real, ficamos mais competitivos", afirmou ele.
As declarações de Mantega reduziram um pouco a expectativa de que o BC intervenha no mercado para conter a alta da moeda norte-americana, movimento que geralmente se traduz em repasses aos preços.
"É como se o Mantega tivesse falado: 'vamos deixar o dólar subir'. Então o problema é o seguinte: se o BC não entrar e não demonstrar nada, aí continua essa alta", afirmou o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.
Segundo ele, investidores também aproveitavam para puxar para cima as cotações da divisa norte-americana, de olho na formação da Ptax de maio, na sexta-feira.
"Como a Ptax vai fechar logo depois do feriado (de Corpus Christi, na quinta-feira), a briga acaba sendo hoje", afirmou Trabbold.
No entanto, diante da expectativa de que o BC pode elevar a Selic de forma mais branda esta noite, o mercado especulava se a autoridade monetária intervirá para impedir que o dólar continue a subir, evitando pressões inflacionárias adicionais.
"O cenário é ruim lá fora, a apreciação da moeda norte-americana é generalizada e aqui se tem muita lição de casa para fazer", afirmou o gerente de câmbio da Icap, Ítalo dos Santos. "Não dá para falar de patamar, mas em algum momento o BC tem que entrar", emendou.
Os investidores viram as cotações ultrapassarem níveis psicológicos de 2,03, 2,05 e 2,07 reais e agora aguardam a reação do BC após a divisa superar o nível de 2,10 reais --nível que foi fortemente defendido pela autoridade monetária no ano passado.
O dólar tem registrado altas diante da expectativa, na cena externa, de que o Fed reduzirá seu programa de estímulo, diminuindo a liquidez no mercado de câmbio internacional.
Decepção com o PIB
Na cena doméstica, pesa sobre o sentimento do investidor a deterioração das contas externas, a inflação elevada e o fraco crescimento do país.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 0,6 % no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, abaixo das expectativas do mercado de expansão de 0,9 % no período.
Com o fraco resultado, a curva de juros futuros passou a precificar alta mais branda na Selic esta noite, de apenas 0,25 ponto percentual ─ o que levaria a taxa básica de juros para 7,75 % ao ano.
Apesar do grande diferencial de juros do Brasil --cujo BC promove um ciclo de aperto monetário enquanto o resto do mundo corta taxas de juros para incentivar o crescimento--, a mudança nas apostas para a Selic contribuía para a alta do dólar.