São Paulo - O dólar operava em alta ante o real nesta segunda-feira, após dados sobre a atividade industrial e o nível de emprego da zona do euro abalarem o apetite por risco no exterior. O mercado também era influenciado pela cautela em relação às medidas que o governo brasileiro anunciará na terça-feira para estimular a indústria e aumentar a competitividade das exportações.

Às 10h43 (horário de Brasília), o dólar tinha alta de 0,43 por cento, cotado a 1,8340 real. O setor industrial da zona do euro encolheu pelo oitavo mês seguido e a um ritmo mais rápido em março, ampliando os sinais de que o bloco está em recessão, na medida em que a contração se espalha para os seus principais membros, a França e a Alemanha.

A taxa de desemprego do bloco, por sua vez, atingiu o maior nível em quase 15 anos em fevereiro, com mais de 17 milhões de pessoas sem emprego. "Os dados macroeconômicos da zona do euro não atenderam a todas as expectativas do mercado, o que está deixando os investidores mais cautelosos", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

Para o consultor financeiro do Previbank DTVM, Jorge Lima, o real está seguindo o movimento das moedas internacionais, como o euro, que também está perdendo terreno ante o dólar. Ele destacou, no entanto, que o fluxo ainda está baixo e que outros fatores deverão influenciar o mercado de câmbio brasileiro no decorrer do dia. Além da expectativa de novas intervenções do Banco Central por meio de leilões de compra de dólares no mercado à vista, Lima e Galhardo acreditam que as novas medidas de incentivo à indústria que serão anunciadas na terça-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, também exercem influência sobre o câmbio.

"Há uma certa precaução por causa do anúncio de novas medidas ... e o mercado está muito arisco em relação a novas medidas", afirmou Galhardo. O governo anunciará nesta terça-feira a isenção da folha de pagamento para a receita obtida com exportações das empresas beneficiadas, segundo informou à Reuters uma fonte da área econômica envolvida nas negociações.

O governo avalia que essa é a medida mais importante do pacote de estímulos para ampliar a competitividade de alguns setores industriais e incentivar as empresas a ampliar as vendas no exterior. "Essa recente puxada do dólar é uma demanda muito clara do industriais por causa da perda de competitividade das nossas exportações. Precisamos ver qual será o alcance dessas medidas, que podem ter impacto no câmbio", disse Lima.