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Dólar segue exterior, cai 1% e volta à casa de R$3,35

O movimento de queda aconteceu mesmo após o Banco Central ter reduzido sua atuação no mercado de câmbio

Dólar: o dólar recuou 1,03%, a 3,3520 reais na venda, acumulando desvalorização de 2,58% desde o dia 16 passado (foto/AFP)

Dólar: o dólar recuou 1,03%, a 3,3520 reais na venda, acumulando desvalorização de 2,58% desde o dia 16 passado (foto/AFP)

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Reuters

Publicado em 21 de novembro de 2016 às 17h13.

Última atualização em 21 de novembro de 2016 às 17h15.

São Paulo - O dólar fechou em baixa de 1 por cento nesta segunda-feira, quarto pregão consecutivo de perdas e voltando ao patamar de 3,35 reais, acompanhando o movimento da moeda norte-americana sobre outras divisas no exterior, mas com os investidores atentos aos desdobramentos políticos brasileiros.

O movimento de queda aconteceu mesmo após o Banco Central ter reduzido sua atuação no mercado de câmbio.

O dólar recuou 1,03 por cento, a 3,3520 reais na venda, acumulando desvalorização de 2,58 por cento desde o dia 16 passado. Na mínima do dia, a moeda norte-americana bateu em 3,3407 reais.

O dólar futuro cedia cerca de 1 por cento neste final de tarde.

"O exterior acalmou e, internamente, o BC atuou como manda o figurino. Deu cobertura quando precisou e isso deu uma tranquilizada aos agentes", comentou o assessor de câmbio da corretora Albatroz, João Medeiros.

O momento de alívio veio depois da forte onda de aversão ao risco que levou o dólar às máximas em anos, causada pela surpreendente vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos, que alimentou o temor entre os investidores de que a política econômica norte-americana pode se tornar inflacionária e pressionar o Federal Reserve, banco central do país, a elevar ainda mais os juros.

Lá fora, o dólar caía ante o rand sul-africano e os pesos chileno e mexicano. Ajudou ainda a forte alta nos preços do petróleo no mercado internacional.

"Mesmo com o BC, o dia começou mais calmo com o exterior", comentou pela manhã o diretor de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa.

"Mas a autoridade pode voltar a atuar mais firmemente a partir do momento que tiver pressão compradora mais forte e até para conter a inflação", completou.

Pesquisa Focus do BC, que ouve uma centena de economistas toda semana, mostrou maior previsão para o dólar no fim de 2016, a 3,30 reais, ante 3,22 reais, após a vitória de Trump.

Na semana passada, o BC intensificou sua atuação no mercado de câmbio devido ao salto do dólar frente ao real, ao mesmo tempo em que o Tesouro também agiu no mercado de títulos públicos.

As ações trouxeram mais equilíbrio aos mercados financeiros, com a moeda norte-americana fechando a última semana com queda acumulada de 0,16 por cento, depois de ir acima de 3,50 reais no intradia.

Diante do cenário de menor pressão, o BC brasileiro indicou que fará menos intervenções ao anunciar na noite de sexta-feira apenas a rolagem dos contratos de swaps cambiais tradicionais que vencem no início de dezembro, e que não colocaria novos swaps no mercado.

Nesta sessão, o BC vendeu integralmente 20 mil contratos de swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolagem.

"Não acho improvável o dólar voltar a acelerar ante o real, mas de modo mais suave. Não deve acontecer novamente o efeito manada que se seguiu às eleições nos EUA", comentou Correa. "O mercado já vem se acomodando", emendou.

No dia da eleição nos EUA, mas ainda sem o resultado, o dólar fechou no patamar de 3,16 reais.

Nesta segunda-feira, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a autoridade monetária seguia monitorando o mercado para garantir liquidez. Segundo ele, as reservas cambiais são um seguro que contribui para a redução do risco-país.

O que pode influenciar os preços do dólar é o novo revés político do governo do presidente Michel Temer, com a saída do então ministro da Cultura Marcelo Calero, que acusou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo para liberar um empreendimento embargado em Salvador.

Na cena política e econômica, também pesavam sobre os investidores a atual situação financeira dos Estados e novas prisões de político influentes.

O temor é que esse cenário possa atrapalhar a votação de medidas importantes para o governo no Congresso Nacional.

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