Dólar recua de olho em avanço na agenda de reformas
Às 12:22, o dólar recuava 0,65%, a 3,8701 reais na venda
Reuters
Publicado em 6 de junho de 2019 às 09h47.
Última atualização em 6 de junho de 2019 às 12h34.
São Paulo — O dólar caía ante o real nesta quinta-feira, monitorando avanços na agenda de reformas no cenário doméstico e de olho no desdobramento de questões comerciais no exterior, embora operasse descolado de outros pares.
Às 12:22, o dólar recuava 0,65%, a 3,8701 reais na venda.
Na véspera, o dólar fechou em alta de 1% contra o real, a 3,8953 reais na venda, no maior ganho diário em duas semanas, em ajustes técnicos após três altas consecutivas.
O dólar futuro perdia cerca de 0,1% neste pregão.
Segundo Bernardo Zerbini, corresponsável pela área macro da AZ Quest, pela primeira vez em muito tempo uma série de fatores volta a ser favorável ao real.
"O diferencial de juros contra os Estados Unidos voltou a melhorar, o cenário político aqui desanuviou, e a posição técnica estava sugerindo uma recuperação para o câmbio", afirmou o profissional da AZ Quest, gestora com cerca de 18 bilhões de reais sob seu guarda-chuva.
Zerbini evitou dizer para onde o dólar vai a partir de agora, mas considerou que, em termos relativos, a tendência é que o real supere seus pares.
"O que realmente devolveu o preço do dólar ao real foi a movimentação do governo, a aprovação das MPs que tinha que aprovar, não pelas MPs em si, mas mostrou que ao mercado que o governo aprendeu a fazer acordos, foi um recado", disse Rodrigo Franchini, responsável pela área de produtos da assessoria de investimentos Monte Bravo.
Ele pontua que o acordo entre os três Poderes, que foi um gatilho para os recente avanços na pauta econômica, deu mais segurança inclusive ao investidor estrangeiro, que começa a retornar aos investimentos especulativos, mas aguardará avanços mais concretos para fazer investimentos reais.
Nesta quinta-feira, o mercado também estará atento a votações de matérias econômicas no Congresso, após a Câmara dos Deputados aprovar na véspera a PEC que amplia o Orçamento Impositivo e o Congresso iniciar limpeza da pauta para votar projeto da regra de ouro.
O real operava descolado de outros pares neste pregão, com moedas e ativos emergentes sendo pressionados pela aversão ao risco ligada a renovadas tensões comerciais.
A atenção está focada, mais especificamente, nas negociações entre Estados Unidos e México, que prosseguem nesta quinta-feira após autoridades norte-americanas dizerem que o governo mexicano não está fazendo o suficiente.
Contribui ao sentimento de cautela uma nova ameaça do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor tarifas sobre "ao menos" outros 300 bilhões de dólares em produtos chineses.
O Banco Central vendeu nesta quinta-feira todos os 5,05 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em rolagem do vencimento julho.
Em 26 operações, o BC já rolou 6,565 bilhões de dólares, de um total de 10,089 bilhões de dólares a expirar em julho. O estoque de swaps do BC no mercado é de 68,863 bilhões de dólares.