Dólar: "O processo político doméstico causa alguma apreensão e pode amplificar (a reação do mercado a) alguma decisão diferente do Fed amanhã" (Adam Gault/Thinkstock)
Reuters
Publicado em 14 de março de 2017 às 17h09.
São Paulo - O dólar fechou a terça-feira em alta, encostando no patamar de 3,17 reais, com os investidores à espera do encontro de política monetária do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, quando se espera que as taxas de juros do país sejam elevadas.
Do lado doméstico, predominou a expectativa pela lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve entregar nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedidos de abertura de inquéritos para investigar políticos citados em depoimentos de delatores da Odebrecht.
O dólar avançou 0,54 por cento, a 3,1693 reais na venda, depois bater 3,1828 reais na máxima do dia. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,50 por cento no final da tarde.
"O processo político doméstico causa alguma apreensão e pode amplificar (a reação do mercado a) alguma decisão diferente do Fed amanhã", afirmou o diretor da mesa de câmbio da corretora Multi-Money, Durval Correa.
O mercado acredita amplamente que o banco central norte-americano vai aumentar a taxa de juros pela primeira vez este ano no encontro que termina no dia seguinte.
O que gerava expectativa nos investidores era a sinalização que o Fed dará para os próximos passos daqui para a frente.
De modo geral, espera-se três altas de juros este ano pelo Fed e, qualquer sinal de que pode ser mais agressivo no aperto monetário, pode levar a novo ajuste no câmbio.
O Fed divulga sua decisão nesta quarta-feira as 15:00 (horário de Brasília), com entrevista coletiva da chair Janet Yellen em seguida.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas influenciado não só pela expectativa pelo Fed como também pelos riscos políticos das eleições holandesas e francesas, além da saída da Grã-Bretanha da União Europeia (UE) pesando sobre as moedas europeias.
O dólar também tinha alta ante os pesos chileno e mexicano.
Juros mais altos nos Estados Unidos podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados financeiros, como o brasileiro.
Internamente, o mercado continuou cauteloso por conta da lista de Janot, que pode afetar importantes figuras políticas da base e do próprio governo do presidente Michel Temer.
O temor é de que esse cenário possa prejudicar a votação de pautas no Congresso Nacional, como a reforma da Previdência.
Durante a tarde, notícia veiculada no site da revista Veja de que a lista seria entregue nesta terça-feira ao STF, levou o dólar para a máxima do pregão, juntamente com outra matéria, do Valor PRO, de que o governo já estaria trabalhando com o adiamento da votação da reforma da Previdência.
O Banco Central continuou fora do mercado de câmbio, sem anunciar qualquer tipo de intervenção para esta sessão, por enquanto.
Ainda havia no mercado expectativa sobre o que o BC fará com os swaps tradicionais que vencem em abril, equivalente a 9,711 bilhões de dólares, se fará alguma rolagem ou não.