Dólar tem maior queda em 1 mês e fecha abaixo de R$ 4
Moeda dos EUA fechou em queda de 1,24%, a 3,9903 reais na venda.
Reuters
Publicado em 15 de agosto de 2019 às 09h12.
Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 17h34.
São Paulo — O dólar recuou forte ante o real nesta quinta-feira, após decisão do Banco Central do Brasil de mudar sua forma de atuar no câmbio, mas com o movimento limitado pelo exterior, onde prevalecia a aversão ao risco ligada a temores de uma recessão global.
O dólar à vista fechou em queda de 1,24%, a 3,9903 reais na venda. É a maior queda diária desde 10 de julho (-1,30%).
Na véspera, o dólar encerrou em alta de 1,86%, a 4,0405 reais na venda, fechando acima de 4 reais pela primeira vez desde maio.
O dólar futuro de maior liquidez cedia por volta de 0,7% neste pregão.
O Banco Central anunciou na noite de quarta-feira mudanças em sua forma de atuar no mercado de câmbio, com vias a trocar posição cambial em contratos de swap tradicional por dólares à vista, formalizando novo modelo de intervenção cambial para aprimoramento do uso dos instrumentos disponíveis.
Será a primeira vez que o BC ofertará dólares das reservas sem compromisso de recompra desde fevereiro de 2009, conforme assessoria do BC. O BC não disponibiliza swaps reversos desde novembro de 2016.
O BC informou que, de 21 a 29 de agosto, fará ofertas simultâneas de 550 milhões de dólares à vista e de igual montante em contratos de swap cambial reverso.
A atuação simultânea visa trocar, por dólar à vista, um total de 3,8445 bilhões de dólares em swaps cambiais tradicionais que expiram em outubro e que ainda não foram rolados pelo BC.
A autoridade monetária justificou a mudança na forma de atuar no câmbio citando maior busca por liquidez no mercado à vista --e não no segmento futuro, onde tradicionalmente a demanda por "hedge" é maior e atendida pelos swaps cambiais.
"A tendência é que o anúncio do BC por si só dê um impacto pra vir abaixo dos 4 reais... Na semana que vem, começa a recuar mais (com o início dos leilões)", afirmou o diretor de câmbio do banco Ourominas, Mauriciano Cavalcante.
Cavalcante pontuou, entretanto, que esse movimento ocorrerá caso não haja nenhuma notícia inesperada no front global, notadamente sobre as economias da China, Alemanha e Estados Unidos, além da guerra comercial.
"Se não vier nenhuma surpresa com relação a isso, à guerra comercial, a tendência é que o mercado venha a se acalmar no patamar de 3,90, 3,95 reais. Abaixo disso só se o BC anunciar outro leilão", afirmou, acrescentando que avaliou a decisão da autoridade monetária como acertada para reagir às crises do momento.
A queda da Selic para mínimas recordes e a expectativa de que a taxa básica de juros atinja patamares ainda mais baixos até o fim do ano não são os únicos motivos para a mudança no "modus operandi" do BC na forma de atuar no câmbio, mas certamente estão entre os mais básicos para essa alteração no modelo de intervenção, que passará a privilegiar o mercado à vista.
O BC enfatizou que a atuação "não altera" sua política cambial, "pautada no câmbio flutuante", sem prejuízo da atuação da autarquia em busca da manutenção do regular funcionamento do mercado, afirmando que trata-se de um aperfeiçoamento no uso de instrumentos que estão à sua diposição.
A queda do dólar, entretanto, era parcialmente limitada neste pregão pelo cenário externo, depois que a inversão da curva de rendimento dos títulos dos Estados Unidos na véspera espalhou temores de que a maior economia do mundo pode estar caminhando para uma recessão, arrastando o restante do mundo junto.
Com isso, crescem as apostas de que os bancos centrais mundiais atuarão com força para reagir a tais alertas.
O Banco Central realiza nesta sessão leilão de até 11 mil contratos de swap cambial tradicional, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento outubro de 2019.