Dólar fecha em alta após Trump falar em rompimento econômico com a China
Presidente americano ameaça empresas que usam mão de obra chinesa e afirma que “dissociação” é uma palavra interessante
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de setembro de 2020 às 17h00.
Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 17h24.
O dólar fechou em alta de 1,1% e encerrou sendo vendido por 5,366 reais nesta terça-feira, 8. A valorização da moeda americana acompanhou o movimento global desencadeado após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falar em dissociação econômica com a China, o que poderia romper de vez as relações comerciais entre as duas potências.
“Se nós não fizermos negócios com a China, não perderemos bilhões de dólares. Seja pela dissociação ou por imposição de tarifas massivas, como já estou fazendo, acabaremos com nossa dependência da China, porque não podemos contar com a China”, afirmou Donald Trump em coletiva de imprensa realizada na segunda-feira, 7, quando os americanos celebravam o Dia do Trabalho.
Na mesma ocasião, o presidente Trump também ameaçou empresas americanas que usam mão de obra chinesa de não conseguirem mais contratos públicos com o governo federal. O aumento do tom das declarações ocorre em meio à corrida presidencial, em que Trump aparece atrás do candidato democrata Joe Biden nas pesquisas eleitorais.
No mercado, as falas de Trump foram recebidas com cautela, fazendo o dólar subir no mundo todo. No exterior, a moeda americana se valorizou contra todas as principais moedas emergentes, como o peso mexicano, a lira turca e a rúpia indiana. O índice Dxy, que mede o desempenho do dólar contra seus pares desenvolvidos, subia cerca de 0,7% ao encerramento do pregão de dólar à vista no Brasil.
"A briga entre China e Estados Unidos vem pegando [no mercado de câmbio]. Fora isso, aqui a inflação está batendo na porta. Já tem gente começando se isso pode descontrolar, como vai ficar", disse Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.
Divulgada nesta manhã, o IGP-DI de agosto teve alta mensal de 3,87% ante expectativa de 2,19%. Já o Índice de Preço por Atacado (IPA) teve alta de 5,44%. "Os preços no atacado seguem destoando e acumula uma alta em 12 meses de 21,58% contra 2,77% do IPC. Esses dados reforçam a percepção que o Banco Central deve de fato encerrar o ciclo de cortes na Selic e que a disparidade entre IPA e IPC mostra a queda generalizada das margens de lucro da economia, o que diminui o apetite empresarial por investimentos", comenta André Perfeito, economista-chefe da Necton, em nota.