Dólar bate R$ 4,16 em dia de leilão do BC e com PSL-Bolsonaro no radar
Para analista, crise entre partido e o presidente tem reflexo na cotação da moeda
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de outubro de 2019 às 09h20.
Última atualização em 15 de outubro de 2019 às 16h15.
São Paulo — O dólar no mercado doméstico renovou o maior valor nesta terça-feira, reagindo à venda pelo Banco Central, pelo segundo dia seguido, de apenas US$ 100 milhões no leilão de venda de moeda no mercado à vista e na operação com swap cambial reverso. Por isso, às 11h30, o BC voltou a realizar leilão de até 8.500 contratos de swap tradicional (US$ 425 milhões).
A moeda norte-americana subia 0,76%, negociada a 4,1591, por volta das 16h. Na máxima do dia, ultrapassou R$ 4,16.
Estas operações visam a rolagem de vencimento de swaps de dezembro ou trocá-los por moeda à vista. Estão programados para vencer em dezembro 230.170 contratos de swap cambial tradicional (US$ 11,5 bilhões).
"O BC tem colocado menos dólares porque pode ser que não seja esse tipo de hedge (proteção) que o mercado está precisando", diz Vanei Nagen, responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos. "Com o leilão, o BC vende dólares agora e depois recompra via swap reverso no mercado futuro. Leilão de venda com prazo de recompra lá na frente pode não estar mais atendendo à demanda do mercado", comenta.
Se a demanda é por dólar para saída do país, como está ocorrendo, os leilões de rolagem não ajudam, avalia o especialista.
Para ele, "o que pega mais hoje é a crise entre PSL e o presidente Bolsonaro. "Tem reflexo na alta do dólar", afirma.
Além disso, sua expectativa é de que o dólar pode seguir pressionado em meio a dúvidas sobre as negociações comerciais entre EUA e China e tensão geopolítica EUA e Turquia.
"O mercado está em compasso de espera cauteloso", diz Nagen.