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Dahlia Capital se protege com caixa robusto à espera de sinais de Lula

Dahlia Capital mantém cerca de metade de seu patrimônio praticamente em caixa, sem posições no câmbio local

Sara Delfim, Delfim, sócia e gestora da Dahlia Capital : "Nossos fundos são focados em bolsa, então 50% em caixa significa que estamos cautelosos" (Germano Lüders/Exame)

Sara Delfim, Delfim, sócia e gestora da Dahlia Capital : "Nossos fundos são focados em bolsa, então 50% em caixa significa que estamos cautelosos" (Germano Lüders/Exame)

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Bloomberg

Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 09h31.

A Dahlia Capital mantém cerca de metade de seu patrimônio praticamente em caixa, sem posições no câmbio local, no aguardo dos próximos passos do novo governo e mais clareza no cenário externo para tomar risco, diz Sara Delfim, sócia e gestora da casa.

Para ela, o mercado ajustou os preços, nas últimas semanas, a um Luiz Inácio Lula da Silva com foco no social e preocupado em guardar alguma moderação fiscal. Uma “mão solta” no comando das contas públicas, no entanto, não está totalmente nos preços e há espaço para piora nos ativos, segundo a gestora.

“Se as coisas fugirem muito do esperado, tem espaço para correção”, diz, ponderando que ao menos um “guia” para a trajetória fiscal, como uma regra que vincule despesas à dívida, está hoje nos preços. “O mercado precisa de um guardrail para os gastos.”

Os investidores calibrarão o recém-empossado governo Lula no dia-a-dia, de olho em sinalizações sobre a liberdade de atuação dos ministros, a automonia do Banco Central e a estratégia para os combustíveis — a ver se a desoneração da gasolina será postergada para além de fevereiro, enumera.

Com tantas variáveis na mesa, a gestora optou por manter 50% do patrimônio, de R$ 5,2 bilhões, comprado em ativos de risco e a outra metade protegida em renda fixa, prioritariamente CDI, à espera de maiores definições.

“Nossos fundos são focados em bolsa, então 50% em caixa significa que estamos cautelosos. Em condições favoráveis de valuation e sem volatilidade de expectativas, diria que 70% a 80% do fundo estaria em ativos de risco”, afirma.

A Dahlia também zerou posições no câmbio nas últimas semanas — a gestora tinha posição comprada em dólar ante real e comprada em real ante a uma cesta de moedas consideradas frágeis. “O real não está ruim, mas precisamos navegar a volatilidade.”

No exterior, a gestora zerou gradualmente as posições em bolsa americana a partir do segundo semestre do ano passado, e espera uma nova revisão nos ganhos corporativos e um sinal mais claro de horizonte pelo Federal Reserve além de monitorar os passos da China para estimular a atividade.

Na bolsa local, a Dahlia considera que há boas oportunidades, com preços bastante descontados, mas ainda mantém posições reduzidas, prioritariamente em setor elétrico e bancos, também no aguardo de maiores sinais macroeconômicos. A gestora também tem aplicações menores em commodities e consumo de alta renda.

“Lula vem falando o mesmo que disse na campanha, mas há dúvidas de se na prática vai fazer as coisas de forma responsável. Será realmente no dia após dia que fatos vão ganhando clareza”, afirma.

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