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Cotação do petróleo deveria estar US$ 15 mais alta, diz analista

Perspectiva de uma prolongada guerra comercial EUA-China continua a afetar a demanda

Produção total de petróleo da Opep foi de 29,99 milhões de barris por dia em agosto. (Christian Hartmann/Reuters)

Produção total de petróleo da Opep foi de 29,99 milhões de barris por dia em agosto. (Christian Hartmann/Reuters)

TL

Tais Laporta

Publicado em 10 de setembro de 2019 às 08h09.

Última atualização em 10 de setembro de 2019 às 08h09.

A perspectiva de uma prolongada guerra comercial EUA-China continua a afetar a demanda e reduz os preços do petróleo em US$ 15 por barril, mesmo com os mercados físicos no nível mais baixo em meia década, segundo a Energy Aspects.

A estratégia de cortar a produção da coalizão Opep+, liderada pela Arábia Saudita, que está prestes a entrar em seu quarto ano, trabalhou em um nível técnico, reduzindo os estoques globais, disse Amrita Sen, analista-chefe de petróleo da consultoria com sede em Londres. Mas isso não foi suficiente para valorizar as cotações por causa das táticas comerciais agressivas do presidente dos EUA, Donald Trump, explicou.

Enquanto isso, a surpreendente demissão do ministro de Energia da Arábia Saudita, Khalid al-Falih, não deve provocar uma mudança na política de produção de petróleo do país, disse Sen.

"Do ponto de vista político, tudo o que a Arábia Saudita fez deu certo: os estoques estão se esgotando e o mercado está incrivelmente apertado", disse Sen em entrevista em Cingapura antes da Conferência Ásia-Pacífico de Petróleo. “No entanto, o preço fixo é de US$ 60. Isso não tem nada a ver com Al-Falih e tudo a ver com Trump.”

A produção total de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo foi de 29,99 milhões de barris por dia em agosto, abaixo dos 34 milhões de barris no fim de 2016. Os estoques de petróleo da OCDE haviam caído 17% até setembro de 2018 em relação ao pico em março de 2017, mas recuperaram cerca de metade dessa baixa com a menor demanda.

A oferta de petróleo espesso e sulfuroso do Oriente Médio é ainda mais restrita na Ásia, devido às novas refinarias que são projetadas para processar esse tipo de petróleo que entra no mercado, resultando em um déficit estimado de 3 milhões de barris por dia, disse Sen.

"Os fundamentos estão muito apertados", disse. "Se você fizer uma correlação entre os níveis de estoque e os spreads de tempo, o preço fixo deve ser US$ 15 mais alto."

A Arábia Saudita, no entanto, poderá obter o aumento de preços que está buscando nos próximos meses, à medida que os operadores começarem a perceber que a taxa de crescimento antes épica da produção de gás de xisto nos EUA está diminuindo, disse Sen.

As taxas de produção inicial nos poços de gás de xisto estão crescendo mais lentamente do que nos anos anteriores e têm diminuído em algumas bacias, afirmou. Isso ocorre em parte porque os perfuradores atingiram o limite de ganhos de produtividade e, em parte, porque estão ficando sem áreas de primeira linha e migrando para uma geologia menos prolífica.

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