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Construtoras podem chegar ao maior número de IPOs desde 2007

Em meio à queda de juros, setor busca financiamento para novos projetos

MRV: empresa bate recorde de vendas em meio à pandemia (Germano Lüders/Exame)

MRV: empresa bate recorde de vendas em meio à pandemia (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de julho de 2020 às 07h30.

Última atualização em 14 de julho de 2020 às 09h48.

O setor de construção civil pode ter o maior número de entrantes na bolsa de valores desde 2007, quando o segmento, sozinho, foi responsável por 20 ofertas iniciais de ações (IPOs) na B3.

Além dos IPOs das construtoras Mitre e Moura Doubex, que ocorreram no início do ano, outras oito entraram com pedidos de abertura de capital na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) neste ano. Na última semana, foi a vez da Lavvi , subsidiária da Cyrela, entrar com pedido de análise de IPO.

Quem também deve entrar nessa lista é a Melnick Even Desenvolvimento Imobiliário (MEDI), conforme informado por sua controladora Even em fato relevante publicado nesta segunda-feira, 13, na CVM.

Apesar do número elevado, cinco dessas oito empresas pediram a interrupção da análise para até o início do ano que vem. Devido à pandemia, o prazo que normalmente é de 60 dias passou para 180 dias. Mas o processo pode ser retomado antes.

“Em condições normais, esse artifício é usado quando o resultado de uma empresa ia escorregar de um trimestre para outro. Mas, com a pandemia, a interrupção serviu para as empresas se reorganizarem”, disse Vanessa Fiusa, advogada especialista em Mercado de Capitais e sócia do escritório Mattos Filho.

Com a recuperação da bolsa, é esperado que a agenda de IPOs também seja retomada, com mais empresas se mostrando interessadas a entrar no mercado.

Apesar da pandemia, Bruno Lima, analista de renda variável da Exame Research, considera o momento favorável para a abertura de capital. “O mercado está pagando múltiplos altos. Se eu fosse empresário, também estaria de olho no financiamento via mercado de capitais”, disse.

Com a taxa básica de juros na mínima histórica, Lima vê o cenário favorável à venda de imóveis. “Quanto menor os juros, mais barato é adquirir imóvel, porque a parcela cabe mais no bolso. Então quem tinha algum dinheiro guardado, está muito melhor comprar um imóvel do que alugar.”

Pesquisa realizada pela consultoria Brain em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção com mais de 500 construtoras de diferentes portes, revelou que 75% das empresas contatadas fecharam vendas em junho contra 56% em abril. Em maio, as companhias que faturam mais de 100 milhões de reais por ano tiveram média de vendas de 61,4 unidades ante 18 unidades em março.

Na bolsa, ações do setor também apresentaram forte valorização nesse processo de retomada, com destaque para os papéis da Direcional que dispararam cerca de 106% desde o fim de março, acumulando alta de 15% no ano.

Já a MRV, que ainda tem desvalorização no ano, subiu 70% desde março. Mesmo com a pandemia, a construtora mineira informou em prévia operacional que teve recorde histórico de vendas no segundo trimestre, com 11.479 unidades vendidas que totalizam 1,81 bilhão de reais. No período, a geração de caixa da companhia foi de 210 milhões de reais – 210% superior ao mesmo período do ano passado e 114,9% maior que o segundo trimestre de 2018.

Na contramão

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou nesta terça-feira, 14, que suspendeu o registro de capital aberto da João Fortes Engenharia, pois há um ano a construtora não presta informações à autarquia. Enquanto o registro estiver suspenso, a companhia não pode ter os valores mobiliários por ela emitidos negociados em mercados regulamentados.

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