Conselho da Petrobras debate política de preço – e o futuro da estatal
Reunião será sobre a proposta do governo federal de reembolsar a petrolífera por prejuízos decorrentes da nova política de reajuste do diesel
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2018 às 06h25.
Última atualização em 29 de maio de 2018 às 07h11.
Depois de a Petrobras perder 126 bilhões de reais em valor de mercado em uma semana, a terça-feira não deve ser das mais tranquilas na rua Chile, sede da companhia, no centro do Rio.
O conselho de administração da Petrobras se reúne nesta terça-feira às 10h para estudar a proposta do governo federal de reembolsar a petrolífera por eventuais prejuízos decorrentes da nova política de reajuste do óleo diesel , segundo o acordo feito pela administração Michel Temer com os caminhoneiros grevistas durante o final de semana. A nova regulamentação prevê um corte de 0,46 real por litro no preço do combustível por 60 dias, com redução de impostos e subvenção da União, e, depois, novos ajustes mensais – e não até diários, como vinha acontecendo desde meados do ano passado.
“Um dos principais pontos do acordo a serem monitorados é a forma como essa compensação será calculada e paga à empresa”, os analistas do Itaú Ciro Matuo, Thais Piovesan e Akinori Hieda escreveram em relatório a clientes ontem. “Tal regra vai afetar o fluxo de caixa da companhia no segundo semestre do ano – um impacto que não parece significativo – e pode indicar quão protegido estará o modelo de precificação da Petrobras durante os próximos governos. Além disso, as crescentes críticas a Pedro Parente , presidente da empresa, podem aumentar as preocupações dos investidores, dado o seu importante papel na melhora e manutenção das regras de governança da petrolífera.”
Na segunda-feira, a ação preferencial da Petrobras despencou 14,6%, para 16,91 reais, enquanto a ordinária recuou 14,07%, para 19,79 reais, significando que a companhia perdeu cerca de 40 bilhões de reais em valor de mercado em um dia.
Parente tirou a empresa do limbo para colocá-la de volta na liderança entre as maiores companhia do país, com valor de mercado que chegou a 368 bilhões de reais. Mas as consequências da revisão de preços levaram analistas a prever, inclusive, sua saída da companhia. A possibilidade foi negada pelo governo, mas a reunião de hoje será analisada com cautela não só pelos seus efeitos sobre os preços cobrados pela Petrobras. O próprio destino de seu presidente pode estar na mesa de discussões.