Com queda de 10% em 8 dias, petróleo tem espaço para cair mais, diz Laatus
Sinais de desaceleração na China e pandemia na Ásia têm aumentado preocupações sobre demanda por commodity
Guilherme Guilherme
Publicado em 9 de agosto de 2021 às 17h52.
Última atualização em 9 de agosto de 2021 às 18h13.
Após chegar a acumular alta de 50% no ano, o petróleo tem enfrentado seu pior momento desde 2020, com queda de 10% desde o início da última semana. A desvalorização ocorre em meio à crescente preocupação sobre o nível da demanda e ao aumento de oferta acordado por membros da Opep, em meados de julho.
Nesta segunda-feira, 9, o petróleo chegou a tocar 4% de queda, após dados da balança comercial da China terem desapontado investidores, com a importação e a exportação saindo abaixo das expectativas.
Embora o petróleo tenha recuperado parte das perdas no final da tarde, Jefferson Laatus, estrategista-chefe e sócio-proprietário do Grupo Laatus, a commodity pode cair ainda mais.
“Nossa precificação é de o petróleo Brent a 65 dólares e o WTI a 60 dólares”, comenta. Caso as previsões se confirmem, o Brent, que é referência para a política de preços da Petrobras (PETR3/PETR4), tem espaço para cair mais 6% o WTI, 10%.
No curto prazo, Laatus comenta que a deterioração da pandemia na Ásia, onde a disseminação da variante delta tem provocado fortes altas de casos, deve pressionar ainda mais os preços do petróleo.
“Mesmo com as reaberturas, a demanda por petróleo não respondeu às expectativas. Com variantes do coronavírus aumentando o risco de novos, o cenário fica ainda pior”, diz Laatus.
Apesar do ambiente desfavorável para o mercado de petróleo, Laatus ressalta que a queda de preços pode gerar consequências positivas para a economia como um todo, reduzindo as pressões inflacionárias. “Isso envolve até mesmo políticas do Federal Reserve (Fed).”
Nos Estados Unidos, a alta da inflação é o principal argumento para que o Fed comece a reduzir os estímulos monetários. No Brasil, Laatus comenta que a queda do petróleo pode ser favorável para a Petrobras (PETR3/PETR4), que tem baixo custo de extração de petróleo e vem sofrendo pressões externas para segurar o preço do combustível.