Com Biden, ações nos EUA têm o maior rali pós-eleição da história
Em meio à expectativa de estímulos, principal índice americano disparou 13% da véspera da eleição até a véspera da posse
Guilherme Guilherme
Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 09h10.
Última atualização em 20 de janeiro de 2021 às 12h53.
Embora Donald Trump fosse considerado o candidato favorito do mercado, foi com Joe Biden que as bolsas americanas tiveram o melhor desempenho pós-eleição da história, segundo levantamento da CFRA Research. Desde as eleições, realizadas no início de novembro, até ontem, véspera da posse, o S&P 500 subiu 12,76%, um recorde na história moderna americana.
A segunda maior alta pós-eleição do S&P 500 até então havia sido registrada entre 1960 e 1961, quando o também democrata John F. Kennedy venceu a disputa contra Richard Nixon. No período, o índice subiu 8,8%.
Desta vez, parte da alta dos mercados se deu em razão da perspectiva de que, com a vitória democrata, sejam feitos estímulos vultuosos para recuperar a economia americana. E os pacotes já estão na mesa. Ainda no início do ano, Biden revelou seu plano de "trilhões de dólares" para a retomada econômica, com apoio do Congresso agora com maior democrata tanto na Câmara como no Senado. Logo após o anúncio, o S&P 500 fechou em seu maior patamar da história, em3.824,68 pontos. A pontuação contudo, pode ser superada nesta quarta-feira, 20, com a posse de Biden.
Perspectivas de que os estímulos contribuam para valorização de commodities e depreciação de moedas também levou investidores internacionais a aumentarem as apostas sobre mercados emergentes -- o que beneficiou o Brasil. Desde as eleições, o Ibovespa acumula alta de 25,69%, enquanto a B3 recebeu mais de 80 bilhões de reais de capital externo.
Mas, além da promessa de estímulos, a aprovação de vacinas e o início da imunização nas principais economias do mundo também provocaram uma onda de otimismo no período, contribuindo para a valorização de commodities e de ações que haviam sido mais prejudicadas pela pandemia, como as de companhias aéreas.
Por outro lado, a forte alta do S&P 500, que levou o índice a níveis recordes mesmo em meio à maior crise global do século, também tem gerado desconfianças no mercado. Para o estrategista-chefe global de ações do Bank of America, Michael Hartnett, as ações podem estar entrando em terreno de bolha.
Após as recentes valorizações, o múltiplo preço/lucro do S&P -- uma das métricas usadas para avaliar se ações estão caras ou baratas -- cresceu 51,69% em 2020, passando de 24,88x para 37,74x, segundo a plataforma Multpl. Nos primeiros pregões de 2021, o múltiplo subiu um pouco mais, passando para 38,28x -- o maior nível desde 2009.