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Com Biden e vacina, dólar cai de R$ 5,76 para R$ 5,22 em uma semana

Mercado espera que países emergentes se beneficiem de uma política externa e comercial mais estável

Dólar: moeda americana chega a cair 3% nesta segunda-feira, 9 (Rick Wilking/Reuters)
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Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de novembro de 2020 às 15h35.

O dólar apresenta forte desvalorização em meio ao otimismo com a potencial vacina da Pfizer contra o covid-19 e na esperança de que o resultado das eleições americanas tenha impacto positivo na economia global. Durante o pregão desta segunda-feira, 9, a moeda americana chegou a registrar queda de 3%, quando negociada na casa dos 5,22 reais. Se comparado à cotação da última terça, 2, quando fechou a 5,72 reais, a queda chegou a ser de 9,22%.

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Somente na semana passada, a desvalorização do dólar perante o real foi de 6%. Parte disso se deu em função das eleições americanas, em que Joe Biden liderou a contagem de votos por praticamente toda a semana.

Visto com um dos cenários mais favoráveis para economias emergentes, a vitória de Biden impulsionou uma forte busca por moedas desses países.  No mercado de câmbio, não só o real, como também a lira turca, o rublo russo e o peso mexicano apresentaram valorização acentuada nos últimos dias.

Na avaliação da BlackRock , os países emergentes tendem a se beneficiar, principalmente, de uma maior previsibilidade da política comercial de Joe Biden em comparação à instabilidade do governo Trump.

Em relatório, eles afirmam, porém, que o ambiente poderia ser ainda melhor para os mercados emergentes se os democratas também ganharem a maioria do Senado, já que o governo conseguiria aprovar pacotes de estímulos ainda mais vultuosos.

Embora difícil, a possibilidade de haver maioria democrata no Senado pode se tornar realidade caso a Georgia escolha dois políticos do partido para representar o estado. Porém, o pleito foi para o segundo turno, que será decidido só em janeiro.

Mas além da derrota de Trump, foi fundamental para que o dólar tocasse os 5,22 reais a notícia de que a potencial vacina da Pfizer teve eficácia de 90% em resultado preliminar da última fase de testes, com 43.538 voluntários. A empresa também informou que o pedido de aprovação emergencial da vacina deve ser solicitado à agência reguladora dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) ainda neste mês.

Embora veja o cenário com algum otimismo, Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos classificou a desvalorização da manhã desta segunda-feira como “exagerada”. “Todo mundo entrou na euforia com Biden e a vacina, mas não é bem assim. Ele só vai assumir em janeiro, até o Trump, que é imprevisível, pode fazer muita coisa. O mercado espera que ele faça uma abertura econômica, mas ainda é muito cedo para ter impacto como esse”, afirma.

Ainda que o dólar tenha recuperado parte das perdas da manhã, José Faria Junior, sócio e diretor técnico da Wagner Investimentos acredita que ainda é cedo para afirmar que a queda acabou. “O fechamento semanal abaixo de R$5,37, que é muito provável, deverá pressionar o dólar para baixo, mas somente abaixo da faixa de R$5,00 a R$5,10 [a moeda] irá cair ainda mais” escreve em relatório.

Após a forte desvalorização da manhã, o dólar recuperou parte do que tinha perdido, mas ainda cerca de 6% abaixo do patamar em que iniciou a semana anterior. Ele lembra ainda que “apesar da notícia da vacinas, não devemos descartar a chance de anúncio de algum lockdown nos EUA ainda esse mês e eventual renovação de lockdown na Europa devido os atuais casos de covid”.

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