China cresce 3,2% no 2º trimestre, mas bolsa de Xangai despenca 4,5%
O país onde a pandemia do novo coronavírus começou foi o primeiro a anunciar uma retomada do crescimento, mas consumo interno segue decepcionando
Da Redação
Publicado em 16 de julho de 2020 às 07h05.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às 07h36.
O país que mais cresceu nas últimas três décadas foi também o primeiro a retomar o crescimento após a queda com a pandemia do novo coronavírus. A China , onde o surto da covid-19 começou, na virada do ano, anunciou nesta quinta-feira que sua economia cresceu 3,2% no segundo trimestre em relação ao ano passado.
O avanço em relação ao primeiro trimestre foi de 11,5%, o suficiente para fazer o país encolher apenas 1,6% no primeiro semestre, um resultado surpreendente em meio à maior pandemia dos últimos 100 anos. O crescimento no segundo trimestre superou a estimativa de analistas em 0,6 ponto percentual -- as previsões refletiam a surrealidade do momento, e iam, segundo o Wall Street Journal, de uma contração de 3,1% a um crescimento de 3,5%.
Os números mostram que o pior da pandemia de fato ficou para trás no China. Na terça-feira o país anunciou que as exportações e as importações voltaram a crescer em junho pela primeira vez no ano. A produção industrial cresceu 4,8% em junho, após avanço de 4,4% em maio, em relação a 2019. O desemprego, por sua vez, caiu em junho para 5,7% em comparação com os 5,9% de maio. A doença também parece controlada, graças a duras medidas de distanciamento social, que conseguiram fazer o país chegar, na quarta-feira, a 10 dias consecutivos sem um novo caso local de transmissão.
A dúvida na mesa agora é quanto o país consegue crescer no segundo semestre com o resto do mundo ainda às voltas com a pandemia, sobretudo a maior economia do planeta, os Estados Unidos. O Fundo Monetário Internacional prevê que a China será a única grande economia a avançar em 2020, com crescimento de 1,2%.
Apesar da volta do crescimento, a bolsa de Xangai fechou em queda 4,5% nesta quinta-feira, após duas semanas de fortes altas. A explicação está numa preocupação com dados ainda frágeis de consumo. Analistas afirmam que a indústria cresce puxada por estímulos do governo, mas o consumo pode dar uma leitura mais precisa da capacidade chinesa de se reerguer, e de crescer enquanto o mundo segue recuando. Para eles, para entender a China é melhor olhar para as casas de chá que os auto-fornos das siderúrgicas.