Carrefour (CRFB3) tem lucro líquido de R$ 600 milhões no 2º trimestre, alta de 1,3%
Receita registrou avanço de 35% na comparação anual, mas inflação e juros pressionaram resultados, em linha com estimativas de mercado
Karina Souza
Publicado em 26 de julho de 2022 às 18h52.
Última atualização em 26 de julho de 2022 às 19h04.
O Carrefour Brasil (CRFB3) teve lucro líquido atribuído aos controladores de R$ 600 milhões, valor que representa avanço discreto de 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Excluindo o Grupo BIG, o lucro líquido ajustado foi de R$ 631 milhões no período, alta de 6,5% na comparação anual. O balanço trouxe, em boa medida, o que já era esperado pelos analistas: aumento significativo de receita na comparação anual, com margens menores em razão tanto da inflação quanto do aumento dos juros, que afetaram a dívida da companhia (especialmente em um momento que a aquisição do BIG exigiu um desembolso de R$ 4,4 bilhões do Carrefour).
Em relação às vendas líquidas, o dado consolidado é o de R$ 24 bilhões no período, aumento de 35,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. O Atacadão vendeu R$ 16,6 bilhões no período (avanço de 29,8%) e a unidade de varejo vendeu R$ 5,6 bilhões (avanço de 16,1% ante o mesmo período de 2021).
A receita líquida avançou 35% na comparação anual e chegou a R$ 25,2 bilhões. O valor está acima das estimativas do mercado: o BTG esperava R$ 22 bilhões e, o Itaú BBA, R$ 21,1 milhões.
As despesas gerais e administrativas totalizaram R$ 2,9 bilhões no trimestre, aumento de 28% ano a ano, refletindo principalmente a expansão do Atacadão, segundo a companhia. A margem bruta no período teve queda de 1,4 ponto percentual, para 19%. Ainda na parte de gastos, o aumento dos valores com manutenção (85,9%) está relacionado principalmente à aceleração da expansão do Atacadão ao longo do último ano, além do aumento da inflação, que impactou os custos da companhia, de acordo com as informações do balanço. Também houve, em junho, o pagamento de R$ 4,4 bilhões referente à aquisição dos ativos do Grupo BIG.
O Ebitda ajustado avançou 24,5% no período, para R$ 1,7 bilhão. Excluindo o Grupo BIG da conta, o resultado seria de R$ 1,6 bilhão, avanço de 17,5% na comparação anual. O valor representa um recorde para o trimestre, segundo o Carrefour. A retomada do comércio presencial colaborou para o resultado, com melhora do desempenho em todas as verticais: Atacadão, Varejo e Banco Carrefour.
A margem Ebitda, entretanto, teve queda de 0,7 ponto percentual, fechando o trimestre em 7,1% -- valor em linha com as estimativas de mercado.
No trimestre, a companhia investiu R$ 658 milhões, valor em linha com o mesmo período do ano anterior, refletindo o plano de expansão orgânica do grupo. Ao todo, o Carrefour inaugurou seis novas lojas de atacadão na Bahia, em Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Norte. Com as bandeiras de super e hipermercados, foram inauguradas 4 lojas no estado de São Paulo.
O custo líquido líquido da dívida totalizou R$ 320 milhões, valor R$ 241 milhões maior na comparação anual, refletindo tanto o aumento do nível de endividamento (com a aquisição do BIG) e o aumento das taxas de juros propriamente dito. Esse fator contribuiu para que o resultado financeiro líquido passasse de R$ 160 milhões no segundo trimestre do ano passado para R$ 400 milhões no período encerrado em junho.
A companhia encerrou o trimestre com uma alavancagem de 2,7 vezes. "Isso representa o pico do ano e mantemos nossa expectativa de fechar 2022 em não mais do que duas vezes", afirma, no comunicado.
Banco Carrefour
O faturamento do banco Carrefour subiu 9,4% na comparação anual, totalizando R$ 12,9 bilhões. O incremento veio tanto do cartão Carrefour (aumento de 7,5% ou R$ 573 milhões) quanto pelo cartão Atacadão (aumento de 11,2% ou R$ 454 milhões).
Como reflexo de uma estratégia de crédito mais conservadora adotada desde dezembro e da diluição das despesas gerais e administrativas, o lucro líquido subiu 20,8% na comparação anual, para R$ 145 milhões.
Ainda assim, o banco destaca que a carga de risco totalizou R$ 513 milhões no período, alta de 36,8% na comparação anual devido ao aumento da carteira de provisões e aos níveis ainda elevados de inadimplência observados.