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Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2010 às 16h05.
Por José de Castro
SÃO PAULO, 16 de novembro (Reuters) - O dólar subiu
ao maior nível em dois meses e meio nesta terça-feira,
avançando pela quarta sessão seguida ante o real em linha com o
movimento da moeda no exterior, num dia contaminado por
preocupações com Irlanda e China.
A divisa norte-americana avançou 0,93 por cento, a 1,740
real na venda. É a maior cotação desde 1o de setembro, quando o
dólar fechou a 1,747 real. Ante uma cesta de moedas , o
dólar alcançava a máxima em sete meses, beneficiado pelo recuo
do euro .
"Essa alta do dólar tem motivos particularmente externos.
Os problemas de dívida na Irlanda e de inflação na China estão
preocupando os mercados, que correm para ativos mais seguros",
disse Reinaldo Bonfim, diretor da Pionner Corretora.
As bolsas de valores globais e as
commodities sofriam consideráveis perdas nesta sessão,
numa onda de aversão a risco em meio a temores de que a Irlanda
não consiga pagar suas dívidas.
Apesar dos problemas que vêm afetando as finanças do país,
Dublin nega a necessidade de um socorro emergencial, mas,
segundo o Wall Street Journal, autoridades europeias avaliam um
pacote entre 80 bilhões e 100 bilhões de euros.
Em discurso ao Parlamento nesta sessão, o premiê irlandês,
Brian Cowen, disse que a União Europeia e a Irlanda devem
encontrar uma solução confiável para a crise de dívida, que tem
levado os custos de empréstimos por Dublin às máximas recordes
desde a criação do euro.
Não bastassem os problemas na Europa, a China também não
deu trégua aos investidores. Pequim anunciou que vai efetuar
controle sobre preços de alimentos e combater especulações nas
commodities agrícolas, numa tentativa de frear a inflação.
A medida sugere que o país pode estar prestes a adotar um
novo aperto monetário, o que reduziria o apetite por
matérias-primas, principal produto da pauta de exportações
brasileira.
Os analistas do HSBC lembraram que o real vem demonstrando
um desempenho mais fraco nas últimas sessões, citando que
pesadas posições vendidas em dólar tornaram as cotações mais
vulneráveis à correção.
Desde 4 de novembro, último dia em que o dólar caiu, os
investidores estrangeiros reduziram em 27 por cento suas
apostas na valorização do real, diminuindo a posição vendida em
dólares a 11,776 bilhões de dólares nos mercados futuro e de
cupom cambial (DDI) da BM&FBovespa.
"Mas o real também tem sofrido por ameaças de intervenção.
Investidores permanecem nervosos e não inclinados a voltar para
a moeda, sabendo do risco de mais medidas de controle de
capital", disseram em relatório.
O operador de uma corretora em São Paulo, que pediu
anonimato, notou ordens de "stop loss" quando a cotação
alcançou 1,735 real.