Butiques Lazard e Moelis devem assessorar Aramco em IPO
Bancos vão se aventurar na segunda tentativa da maior abertura de capital já vista
Tais Laporta
Publicado em 22 de agosto de 2019 às 19h35.
Última atualização em 22 de agosto de 2019 às 19h35.
A Saudi Aramco escolheu Lazard e Moelis para assessorar sua segunda tentativa de realizar a maior abertura de capital já vista, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
Os bancos de investimento de perfil butique iniciaram trabalhos preparatórios para a colocação, segundo as fontes, que pediram anonimato porque a informação tem caráter privado. A expectativa é que eles desempenhem papel fundamental na listagem, inclusive na seleção de agentes de originação e bolsas, além de garantir que a petrolífera consiga atingir o valor de mercado esperado. A notícia é especialmente vantajosa para a Lazard, que não estava entre as instituições escolhidas pela Aramco para assessorar a primeira tentativa de IPO (oferta inicial de ações).
A companhia recrutou originalmente Evercore, Moelis, HSBC Holdings, JPMorgan Chase e Morgan Stanley. O bom desempenho na gigantesca colocação de títulos de dívida da Aramco neste ano colocou a Lazard em posição ideal para obter uma função na IPO.
A Lazard vinha se esforçando nas últimas semanas para ocupar um lugar na venda de ações, enviando alguns de seus principais negociadores de Londres, Paris e Houston para encantar representantes da Aramco em reuniões no Oriente Médio, segundo a Bloomberg News noticiou. A firma comandada por Ken Jacobs provavelmente substituirá uma das instituições que trabalharam na listagem anterior, de acordo com fontes.
Operação de US$ 100 bilhões
A Aramco planeja listar papéis no mercado acionário já em 2020 e ainda pretende trazer mais bancos para a operação, disseram as pessoas. Nenhuma decisão final foi tomada e os planos ainda podem sofrer mudança ou adiamento.
Representantes de Lazard e Moelis não retornaram imediatamente solicitações de comentários da reportagem. A Aramco, oficialmente chamada Saudi Arabian Oil, se recusou a comentar.
O reino parece disposto a recompensar com posições na listagem os bancos que demonstraram lealdade. A operação pode captar US$ 100 bilhões. O sucesso da Lazard na emissão de dívida — que permitiu à Aramco levantar US$ 12 bilhões com taxa inferior à exigida do crédito soberano do controlador — coincidiu com um período em que a Arábia Saudita ainda enfrentava críticas da comunidade internacional acerca do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.
Ken Moelis, que ganhou o apelido “Ken da Arábia” foi um dos poucos banqueiros ocidentais a dar as caras no principal encontro de investidores da Arábia Saudita, em outubro de 2018, logo após o escândalo.
O plano para a IPO foi anunciado pela primeira vez em 2016, como pilar do programa Visão 2030 do governo para modernizar a economia saudita. O objetivo era listar no segundo semestre de 2018. A Aramco suspendeu formalmente a IPO no ano passado e decidiu comprar uma participação de US$ 69 bilhões na empresa química Saudi Basic Industries.