Brasil Foods tem junk bonds negociados como grau de investimento
Para o Citigroup, isso é sinal de que o ciclo de valorização da dívida privada brasileira pode estar chegando ao fim
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2011 às 10h36.
Nova York - Os títulos da BRF - Brasil Foods SA com classificação de alto risco estão sendo negociados como papéis com grau de investimento. Para o Citigroup Inc. e o Knight Libertas, isso é sinal de que o ciclo de valorização da dívida privada brasileira com melhor desempenho no exterior pode estar chegando ao fim.
A taxa das notas com vencimento em 2020 da maior exportadora mundial de frango caiu 29 pontos-base na semana passada, para 5,71 por cento, chegando ao nível mais baixo desde a emissão em janeiro de 2010. Essa foi a maior baixa entre os papéis em dólar de empresas brasileiras, e veio após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprovar, em 13 de julho, o negócio de US$ 3,8 bilhões que deu origem à empresa em 2009.
O rendimento é inferior ao de papéis de companhias com grau de investimento como Votorantim Participações SA e Globo Comunicação e Participações SA. O rendimento das dívidas corporativas brasileiras no exterior com vencimento similar e classificação de risco Baa3 na escala da Moody’s Investors Service está em 5,63 por cento, o menor grau de investimento e um nível acima do da Brasil Foods, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Seria muito agressivo dizer que os títulos vão ter desempenho superior daqui pra frente”, disse em entrevista Eric Ollom, estrategista de crédito do Citigroup em Nova York.
As notas da Brasil Foods pagam 217 pontos-base a mais do que a dívida pública brasileira com vencimento em 2019, menos do que a diferença de 290 pontos-base em 24 de junho, segundo dados da Bloomberg. O rendimento da dívida de prazo similar da Tyson Foods Inc., maior frigorífico dos Estados Unidos, aumentou seis pontos-base na semana passada, enquanto a taxa dos bônus da JBS SA, maior produtora mundial de carne bovina, subiu nove pontos.
Perspectiva para a nota
A Brasil Foods, maior produtora brasileira de refeições prontas refrigeradas e produtos de carne congelada, foi criada quando a Perdigão SA comprou a Sadia SA por US$ 3,8 bilhões em 2009. A aquisição foi aprovada em 13 de julho pelo Cade, com a condição que a companhia suspenda o uso da marca Perdigão e venda alguns ativos para garantir a concorrência no mercado doméstico.
“Quando eles derem mais clareza sobre a venda de ativos ou fecharem algum acordo, o mercado vai interpretar isso como precursor para uma melhora” da classificação de risco, disse Ollom. “Isso vai ser o próximo catalisador, e pode levar seis meses.”
Os bônus da Brasil Foods se recuperaram após o rendimento ter saltado 46 pontos-base em junho, influenciados por comentários de um integrante do Cade de que o negócio deveria ser revertido. A valorização dos papéis na semana passada foi a maior forte em seis meses.
Grau de investimento
As ações da Brasil Foods dispararam 17 por cento na semana passada, interrompendo seis semanas de depreciação que levaram a uma baixa de 14 por cento.
“A decisão é positiva para os detentores de bônus da empresa”, disse o presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, a repórteres em 13 de julho em São Paulo. “Nós teremos mais dinheiro após a venda de ativos. As incertezas foram removidas.”
A aprovação da fusão deixa a companhia mais perto de obter o grau de investimento, disse Alfredo Viegas, diretor de estratégia para mercados emergentes da corretora de renda fixa Knight Libertas.
“Eles estão a caminho de receber o grau de investimento agora, já que esta fusão era um dos impedimentos para conquistar isso”, disse Viegas em entrevista de Greenwich, no estado americano de Connecticut. “Considerando o patamar em que outros bônus de classificação semelhante são negociados, não sobra muito em termos de potencial de diminuição de spread.”
Moody’s e Standard & Poor’s classificam a Brasil Foods um nível abaixo do grau de investimento e têm perspectiva positiva para a nota. A empresa já tem classificação de risco BBB- pela Fitch Ratings, o menor grau de investimento.
“A decisão do Cade remove todas as incertezas em relação à fusão”, disse Elcio Mitsuhiro Ito, diretor financeiro e de relação com investidores da Brasil Foods, em e-mail enviado em reposta a perguntas desta reportagem. “Portanto acreditamos que podemos receber grau de investimento de duas das três agências de classificação de risco este ano.”
Filippe Goossens, analista da Moody’s, e Flavia Bedran, analista da S&P, não retornaram os telefonemas feitos pedindo comentários.
Nova York - Os títulos da BRF - Brasil Foods SA com classificação de alto risco estão sendo negociados como papéis com grau de investimento. Para o Citigroup Inc. e o Knight Libertas, isso é sinal de que o ciclo de valorização da dívida privada brasileira com melhor desempenho no exterior pode estar chegando ao fim.
A taxa das notas com vencimento em 2020 da maior exportadora mundial de frango caiu 29 pontos-base na semana passada, para 5,71 por cento, chegando ao nível mais baixo desde a emissão em janeiro de 2010. Essa foi a maior baixa entre os papéis em dólar de empresas brasileiras, e veio após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica aprovar, em 13 de julho, o negócio de US$ 3,8 bilhões que deu origem à empresa em 2009.
O rendimento é inferior ao de papéis de companhias com grau de investimento como Votorantim Participações SA e Globo Comunicação e Participações SA. O rendimento das dívidas corporativas brasileiras no exterior com vencimento similar e classificação de risco Baa3 na escala da Moody’s Investors Service está em 5,63 por cento, o menor grau de investimento e um nível acima do da Brasil Foods, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Seria muito agressivo dizer que os títulos vão ter desempenho superior daqui pra frente”, disse em entrevista Eric Ollom, estrategista de crédito do Citigroup em Nova York.
As notas da Brasil Foods pagam 217 pontos-base a mais do que a dívida pública brasileira com vencimento em 2019, menos do que a diferença de 290 pontos-base em 24 de junho, segundo dados da Bloomberg. O rendimento da dívida de prazo similar da Tyson Foods Inc., maior frigorífico dos Estados Unidos, aumentou seis pontos-base na semana passada, enquanto a taxa dos bônus da JBS SA, maior produtora mundial de carne bovina, subiu nove pontos.
Perspectiva para a nota
A Brasil Foods, maior produtora brasileira de refeições prontas refrigeradas e produtos de carne congelada, foi criada quando a Perdigão SA comprou a Sadia SA por US$ 3,8 bilhões em 2009. A aquisição foi aprovada em 13 de julho pelo Cade, com a condição que a companhia suspenda o uso da marca Perdigão e venda alguns ativos para garantir a concorrência no mercado doméstico.
“Quando eles derem mais clareza sobre a venda de ativos ou fecharem algum acordo, o mercado vai interpretar isso como precursor para uma melhora” da classificação de risco, disse Ollom. “Isso vai ser o próximo catalisador, e pode levar seis meses.”
Os bônus da Brasil Foods se recuperaram após o rendimento ter saltado 46 pontos-base em junho, influenciados por comentários de um integrante do Cade de que o negócio deveria ser revertido. A valorização dos papéis na semana passada foi a maior forte em seis meses.
Grau de investimento
As ações da Brasil Foods dispararam 17 por cento na semana passada, interrompendo seis semanas de depreciação que levaram a uma baixa de 14 por cento.
“A decisão é positiva para os detentores de bônus da empresa”, disse o presidente da Brasil Foods, José Antonio Fay, a repórteres em 13 de julho em São Paulo. “Nós teremos mais dinheiro após a venda de ativos. As incertezas foram removidas.”
A aprovação da fusão deixa a companhia mais perto de obter o grau de investimento, disse Alfredo Viegas, diretor de estratégia para mercados emergentes da corretora de renda fixa Knight Libertas.
“Eles estão a caminho de receber o grau de investimento agora, já que esta fusão era um dos impedimentos para conquistar isso”, disse Viegas em entrevista de Greenwich, no estado americano de Connecticut. “Considerando o patamar em que outros bônus de classificação semelhante são negociados, não sobra muito em termos de potencial de diminuição de spread.”
Moody’s e Standard & Poor’s classificam a Brasil Foods um nível abaixo do grau de investimento e têm perspectiva positiva para a nota. A empresa já tem classificação de risco BBB- pela Fitch Ratings, o menor grau de investimento.
“A decisão do Cade remove todas as incertezas em relação à fusão”, disse Elcio Mitsuhiro Ito, diretor financeiro e de relação com investidores da Brasil Foods, em e-mail enviado em reposta a perguntas desta reportagem. “Portanto acreditamos que podemos receber grau de investimento de duas das três agências de classificação de risco este ano.”
Filippe Goossens, analista da Moody’s, e Flavia Bedran, analista da S&P, não retornaram os telefonemas feitos pedindo comentários.