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Boneco mais famoso de Portugal dedica gesto obsceno para Moody's

Zé Povinho foi criado pelo artista português Rafael Bordallo Pinheiro em 1875 e apareceu pela primeira vez no jornal satírico A Lanterna Mágica

O Moody's diminuiu a nota financeira de Portugal para "bônus lixo" (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2011 às 18h47.

Lisboa - A onda de indignação gerada em Portugal pela decisão da Moody's de diminuir sua nota financeira para "bônus lixo" levou o popular boneco Zé Povinho a dedicar à agência de qualificação seu desafiante e obsceno gesto.

As críticas dos portugueses - de políticos a empresários passando por representantes da sociedade civil - pelo último rebaixamento da nota abriram as portas para o humor e a sátira em um país que sofre a pressão dos mercados em forma de maiores impostos e menos ajudas sociais.

Entre outras iniciativas populares, a fábrica Bordallo Pinheiro pôs à venda no último final de semana uma edição especial das estatuetas de cerâmica inspiradas no Zé Polvinho com o personagem fazendo uma banana para a Moddy's.

Zé Povinho foi criado pelo artista português Rafael Bordallo Pinheiro em 1875 e apareceu pela primeira vez no jornal satírico A Lanterna Mágica. Vestido com chapéu negro, camisa branca e colete - e com barba, mas sem bigode - o autor utilizou o personagem para criticar os males de Portugal e denunciar sua paralisia perante os problemas da época.

Em pouco tempo se transformou em figura de barro e cerâmica e deu forma a tinteiros, cinzeiros e apitos, se tornando assim um símbolo para o povo português.

A última edição de bonecos dedicados à Moody's fez disparar o pedido de reservas pela estatueta nas lojas. "A demanda é muito maior do que nós pensamos inicialmente, esperamos abastecer novamente as lojas", declarou à Agência Efe Nuno Parra, diretor da área comercial da fábrica Bordallo Pinheiro.

De acordo com Parra, a idéia nasceu "na fábrica, e não foi uma pessoa concretamente, mas uma ideia geral que poderia ser o momento adequado para fazê-lo devido à situação crítica pela qual passamos".

Feitas à mão, a produção se limita a 100 unidades por semana em dois tamanhos a um preço entre 33 e 64 euros. Já foram feitos inclusive pedidos de outros países, como Itália e Grécia, também afetados pela crise da dívida soberana.


Zé Povinho se transformou assim em exemplo da rejeição generalizada dos portugueses à Moody's, que chegou a cogitar que o país poderia necessitar um segundo resgate financeiro, como ocorreu com a Grécia.

Ao contrário de meses atrás, quando os rebaixamentos das agências de classificação eram atribuídos por muitos portugueses à ineficácia do Executivo, nesta ocasião o corte da nota suscitou uma reação de revolta unânime entre políticos e personalidades.

Tanto que os bonecos de Zé Polvinho não são os únicos a manifestar esse sentimento. A cadeia portuguesa de roupas Lanidor já distribuiu dez mil camisetas anti-Moody's entre seus clientes mais fiéis.

As diferenças também chegaram à internet, primeiro com hackers portugueses que garantem ter invadido temporariamente o site da agência de classificação e depois com milhares de cidadãos que participaram de uma fracassada tentativa de bloqueá-lo.

Em resposta, a Moody's decidiu impedir o acesso a sua página desde Portugal, uma medida que ainda continua em vigor.

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Lisboa - A onda de indignação gerada em Portugal pela decisão da Moody's de diminuir sua nota financeira para "bônus lixo" levou o popular boneco Zé Povinho a dedicar à agência de qualificação seu desafiante e obsceno gesto.

As críticas dos portugueses - de políticos a empresários passando por representantes da sociedade civil - pelo último rebaixamento da nota abriram as portas para o humor e a sátira em um país que sofre a pressão dos mercados em forma de maiores impostos e menos ajudas sociais.

Entre outras iniciativas populares, a fábrica Bordallo Pinheiro pôs à venda no último final de semana uma edição especial das estatuetas de cerâmica inspiradas no Zé Polvinho com o personagem fazendo uma banana para a Moddy's.

Zé Povinho foi criado pelo artista português Rafael Bordallo Pinheiro em 1875 e apareceu pela primeira vez no jornal satírico A Lanterna Mágica. Vestido com chapéu negro, camisa branca e colete - e com barba, mas sem bigode - o autor utilizou o personagem para criticar os males de Portugal e denunciar sua paralisia perante os problemas da época.

Em pouco tempo se transformou em figura de barro e cerâmica e deu forma a tinteiros, cinzeiros e apitos, se tornando assim um símbolo para o povo português.

A última edição de bonecos dedicados à Moody's fez disparar o pedido de reservas pela estatueta nas lojas. "A demanda é muito maior do que nós pensamos inicialmente, esperamos abastecer novamente as lojas", declarou à Agência Efe Nuno Parra, diretor da área comercial da fábrica Bordallo Pinheiro.

De acordo com Parra, a idéia nasceu "na fábrica, e não foi uma pessoa concretamente, mas uma ideia geral que poderia ser o momento adequado para fazê-lo devido à situação crítica pela qual passamos".

Feitas à mão, a produção se limita a 100 unidades por semana em dois tamanhos a um preço entre 33 e 64 euros. Já foram feitos inclusive pedidos de outros países, como Itália e Grécia, também afetados pela crise da dívida soberana.


Zé Povinho se transformou assim em exemplo da rejeição generalizada dos portugueses à Moody's, que chegou a cogitar que o país poderia necessitar um segundo resgate financeiro, como ocorreu com a Grécia.

Ao contrário de meses atrás, quando os rebaixamentos das agências de classificação eram atribuídos por muitos portugueses à ineficácia do Executivo, nesta ocasião o corte da nota suscitou uma reação de revolta unânime entre políticos e personalidades.

Tanto que os bonecos de Zé Polvinho não são os únicos a manifestar esse sentimento. A cadeia portuguesa de roupas Lanidor já distribuiu dez mil camisetas anti-Moody's entre seus clientes mais fiéis.

As diferenças também chegaram à internet, primeiro com hackers portugueses que garantem ter invadido temporariamente o site da agência de classificação e depois com milhares de cidadãos que participaram de uma fracassada tentativa de bloqueá-lo.

Em resposta, a Moody's decidiu impedir o acesso a sua página desde Portugal, uma medida que ainda continua em vigor.

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