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Bolsas sobem com atuação de BCs, dólar cai

Moeda americana fechou abaixo de R$ 1,80 após a ação dos governos para conter a crise

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2011 às 18h50.

São Paulo - As principais bolsas do mundo fecharam em alta com a atuação dos bancos centrais para combater os efeitos da crise europeia. O Ibovespa subiu mais de 2 por cento.

O dólar caiu pelo terceiro dia seguido, com a menor aversão ao risco, e voltou a menos de R$ 1,80. Os contratos de juros futuros subiram com a alta da inflação reduzindo espaço para o Banco Central brasileiro acelerar o corte da taxa básica de juros.

Internacional: Bolsas e commodities avançam com Europa

As bolsas americanas tiveram a terceira alta seguida enquanto investidores avaliam os planos do Banco Central Europeu para conter a crise da dívida soberana.

O euro se valorizou após o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, dizer que o BCE vai emprestar recursos para os bancos da região e retomar a compra de títulos. Trichet, que comandou sua última reunião de política monetária como presidente do BCE e manteve a taxa básica de juros inalterada, disse que a Europa está em face de “riscos intensificados” de desaceleração. Em 1º de novembro, o italiano Mario Draghi assume o comando da instituição.

A libra esterlina caiu após o Banco da Inglaterra decidir inesperadamente ampliar a meta de compra de ativos de 200 bilhões de libras para 275 bilhões de libras depois da reunião de hoje em que a taxa de juros britânica foi mantida em 0,5 por cento.

O cobre avançou com especulações de que os líderes europeus vão controlar a crise. Outras commodities metálicas e o petróleo também se valorizaram.

Pela manhã, o Departamento de Trabalho americano informou que os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos foram menores do que o esperado na semana passada. O dado foi divulgado na véspera do relatório do governo americano que pode mostrar amanhã aumento na criação de empregos em setembro.

Bolsa: Ibovespa sobe pelo 2º dia com alta das commodities e UE

O Ibovespa subiu pelo segundo dia com especulações de que a Europa vá garantir maior suporte aos bancos e otimismo em relação à recuperação dos empregos nos EUA. As notícias estimularam a alta nos preços das commodities, o que puxou a bolsa brasileira.

O principal indicador da bolsa brasileira encerrou em alta de 2,5 por cento, aos 52.290,37 pontos, puxado principalmente por Petróleo Brasileiro SA, OGX Petróleo e Gás Participações SA e BM&FBovespa SA.

“O humor favorável ao risco continua com o suporte de mais comentários de autoridades europeias sobre recapitalização de bancos”, escreveram Marcos Buscaglia e David Beker, analistas do Bank of America Corp., em relatório a clientes hoje.

As bolsas ampliaram os ganhos depois que um relatório mostrou que os pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos subiram menos que o previsto na semana passada, para um nível que mostra que as companhias estão começando a abrandar o ritmo das demissões.


Juros: Efeito de dólar nos preços reduz espaço para BC e puxa DI

Os juros nos mercados futuros subiram após a inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna ter se acelerado ao maior nível em sete meses e superado todas as estimativas de analistas.

O número mostrou impacto da desvalorização do real sobre os preços, reduzindo apostas de que o Banco Central terá espaço para corte de juros mais agressivo. A alta das commodities no exterior, outro fator de pressão inflacionária, também contribuiu para o aumento das taxas.

O IGP-DI teve alta de 0,75 por cento em setembro, depois de aumento de 0,61 por cento de agosto, segundo informou hoje a Fundação Getulio Vargas. O resultado veio acima de todas as projeções dos 38 economistas consultados pela Bloomberg, que tinham como mediana uma alta de 0,65 por cento nos preços. Foi a maior aceleração desde fevereiro.

“O interessante no IGP-DI foi observar a alta dos preços agrícolas e industriais, o que começa a mostrar o impacto do câmbio na inflação”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe da CM Capital Markets Ltda, em entrevista por telefone de São Paulo.

Entre os componentes do IGP-DI, o Índice de Preços ao Produtor Amplo, IPA, passou de uma alta de 0,77 por cento em agosto para 0,94 por cento no mês passado. O Índice de Preços ao Consumidor, IPC, subiu 0,50 por cento, depois da alta de 0,40 por cento de agosto. E o Índice Nacional de Custo da Construção, INCC, passou de uma alta de 0,13 por cento em agosto para 0,14 por cento em setembro, disse a FGV.

“A tese de corte de 0,5 ponto percentual ganha corpo” em relação à expectativa de corte de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, disse Thais Zara, economista da Rosenberg & Associados Inc.

Câmbio: Real tem maior alta entre emergentes com ação de BCs

O dólar recuou pelo terceiro dia seguido, após os bancos centrais sinalizarem com medidas para conter os efeitos da crise europeia e diante de especulações de que o BC não permitirá uma maior queda do real.

A divisa americana caiu mais de 5 por cento nos últimos três dias desde que o BC anunciou leilões de swap cambial em 3 de outubro, com o real tendo o melhor desempenho entre as principais moedas do mundo acompanhadas pela Bloomberg.

“Estas operações dos BCs asseguram liquidez e ajudam algumas moedas, como o real”, disse Luciano Rostagno, da CM Capital Markets Ltda.

O fato de o BC brasileiro ter atuado quando o dólar passou de R$ 1,90 nesta semana também ajuda reduzir o “apetite” do investidor para a compra da moeda americana, disse Rostagno. “O BC parece que está operando em uma banda, que pode ser de R$ 1,75 a R$ 1,90.”

O BC poderá retomar a compra de dólares no mercado à vista caso a moeda norte-americana continue em queda acentuada diante do real, segundo Alfredo Barbutti, economista da Liquidez DTVM Ltda.

“O BC está preocupado com momentos de maior volatilidade, para um lado e para o outro”, disse Barbutti em entrevista por telefone de São Paulo.

O real se valoriza frente ao dólar com as apostas no mercado internacional de que haverá uma solução para a crise europeia, de acordo com o economista. Segundo ele, a “posição técnica” do mercado também favorece a apreciação do real. Muitos investidores compraram dólar para zerar a posição vendida e, daqui para frente, este movimento deve cessar.

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