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Bolsas na China sobem acima de 1%, mas coronavírus segue crescendo

O número de mortes chegou a 490 segundo boletim divulgado pela China, com 24.324 casos confirmados

Xangai: homem usando máscara passa por uma placa eletrônica mostrando os índices de ações de Xangai e Shenzhen (Aly Song/Reuters)

Xangai: homem usando máscara passa por uma placa eletrônica mostrando os índices de ações de Xangai e Shenzhen (Aly Song/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 06h37.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2020 às 07h25.

São Paulo — O número de casos de coronavírus passou 24.000 e ainda não deu sinais de começar a diminuir. Ainda assim, as bolsas asiáticas fecharam em seu segundo dia de alta seguida no pregão desta quarta-feira.

As ações na China subiram 1,66%. O índice de Shenzhen teve alta de 2%, e o de Xangai, de 1%. Em Hong Kong, a alta foi de 0,52% e no Japão, de 1,52% (mas neste caso, puxado sobretudo por resultados da indústria local).

O índice MSCI de ações de Ásia-Pacífico (menos o Japão) subiu 0,6%. As bolsas na China haviam reabrido no começo da semana com perda de 8%, refletindo a queda dos dias em que estiveram paralisadas pelo ano novo chinês. Mas parecem ter recuperado a confiança.

Parte do ânimo nos últimos dias nos mercados globais veio da injeção de 180 bilhões de dólares feita pelo governo chinês para combater o coronavírus. Na lista de boas notícias, um segundo mega hospital está em vias de ser inaugurado pela China em Wuhan, epicentro do coronavírus, ainda nesta quarta-feira.

Também na madrugada de hoje, o porta-voz do governo chinês, Hunua Chunying, afirmou que está em contato próximo com o governo americano para ações de combate ao coronavírus, e que um suplemento de ajuda dos Estados Unidos chegou ao país hoje.

Uma cooperação entre as duas forças globais pode ser vista pelos mercados como positiva. Na semana passada, o jornal Le Monde publicou que os chineses tentaram convencer a Organização Mundial da Saúde a não decretar o coronavírus como emergência global (o que a organização fez na última quinta-feira), pois o status global daria a impressão de que o governo chinês não estava sendo capaz de lidar sozinho com a epidemia.

Pelo lado da saúde, nada disso teve grande reflexo por ora. O boletim divulgado pelo governo chinês nesta quarta-feira mostrou que mais de 3.800 novos casos foram confirmados em 24 horas — na terça-feira, quando cerca de outros 3.000 novos casos haviam sido confirmados.

São 24.324 casos até agora, a maior parte na China. Há somente 48 horas, o número era de pouco mais de 17.000 casos. O total de mortes causadas pelo vírus chegou a 490 no boletim desta quarta-feira, ante 424 na terça-feira. Por outro lado, o número de recuperados chegou a 950, embora os cientistas ainda não saibam explicar se a recuperação é resultado somente de medicamentos específicos ou do ciclo natural da doença.

Em Hong Kong, onde uma morte foi registrada na terça-feira (a segunda fora da China), mais de 1.800 passageiros em um cruzeiro foram colocados em quarentena nesta madrugada. Ontem, o mesmo havia acontecido com um navio japonês, onde foram encontrados dez passageiros com casos confirmados.

Os transtornos causados pelo vírus chegam aos mares após terem afetado o setor aéreo, cujo número de passageiros na China caiu 12% em relação ao último ano novo chinês. Uma série de companhias aéreas cancelou ou reduziu viagens para a China.

Fora da Ásia, as bolsas tiveram dois dias de alta nesta semana após quedas na semana passada. O Ibovespa subiu 0,8% na terça-feira, enquanto o americano S&P 500 também teve alta de 1,5%. Ainda assim, a bolsa brasileira acumula queda de 2,38% desde a segunda-feira passada 27, quando o temor causado pelo coronavírus começou a afetar os mercados. As ações de exportadoras como a Petrobras podem ser particularmente afetadas, com o coronavírus derrubando a demanda por petróleo na China — em torno de 70% das exportações da Petrobras vão para o país.

Para o pregão desta quarta-feira nas bolsas ocidentais, apesar da alta chinesa, os índices futuros de mercados europeus e do americano S&P 500 apresentaram uma ligeira queda na casa dos 0,5% no início da manhã na Ásia. As expectativas são de um início cauteloso, que podem afetar o Ibovespa.

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