Bolsa vira e passa a cair após se aproximar de recorde de julho
Último pico histórico do Ibovespa foi no dia 10 de julho, quando o índice bateu 106.650 pontos durante os negócios
Tais Laporta
Publicado em 17 de outubro de 2019 às 10h28.
Última atualização em 17 de outubro de 2019 às 11h55.
O principal índice de ações da bolsa brasileira mudou ede direção e passou a cair, após abrir em alta e se aproximar da marca dos 106 mil pontos alcançada em julho. Na abertura dos negócios desta quinta-feira (17), o Ibovespa operava em 105.799 pontos, mas às 11h50 recuava 0,36%, para 105.041 pontos, com a baixa de Vale, Petrobras e bancos. Na véspera, fechou em 105.422 pontos.
A ação da construtora Cyrela liderava as altas do dia, com valorização de 3,3%, após divulgar na véspera prévia operacional do terceiro trimestre, considerada forte por analistas, com as vendas crescendo 64,9% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto os lançamentos saltaram 93,6%.
Pela manhã, a bolsa paulista acompanhou a reação positiva dos mercados globais com o acordo fechado entre representantes do Reino Unido e da União Europeia sobre o Brexit.Com isso, aumentaram as apostas de cortes ainda mais acentuados nas taxas de juros pelos bancos centrais.
Embora o acordo ainda precise ser ratificado pelo Parlamento britânico, os operadores elevaram rapidamente a libra e o euro em mais de 1% e 0,5%, respectivamente.
As esperanças de um acordo do Brexit esta semana tiraram o euro de uma tendência de baixa e o elevaram acima de 1,11 dólar pela primeira vez em um mês. Frente ao real, o dólar operava em queda de 0,5%, negociado em 4,1325 reais, por volta das 10h30.
Na visão da equipe da Ágora Investimentos, sem uma agenda doméstica relevante nesta sessão, a tendência é que o Ibovespa siga em trajetória positiva, desta vez amparado pelo ambiente internacional mais favorável.
Há mais de três meses, a bolsa opera abaixo do recorte intradia (durante os negócios) alcançado no dia 10 de julho, quando foi aprovada a reforma de Previdência em primeiro turno na Câmara. Na ocasião, o indicador alcançou os 106.650 pontos durante o pregão.
Projeções otimistas?
Apesar da recuperação, o otimismo de gestores de fundos com as ações brasileiras vem diminuindo nos últimos meses. O percentual dos que acreditam que o Ibovespa vai fechar o ano de 2019 acima dos 110 mil pontos caiu de 87% em julho para 47% este mês, segundo uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch.
A capa da edição 1190 da revistaEXAME, publicada em julho,abordou a euforia do mercado, dando conta de que os 106 mil pontos seriam só o começo. Bancos e corretoras fizeram projeções bastante otimistas no período.
Em setembro, os analistas de corretoras seguiam confiantes no ciclo de alta da bolsa, mesmo considerando os riscos no caminho.O Bradesco BBI estimou oIbovespaa 122 mil pontos no final de 2019. Para a XP Investimentos, o indicador da bolsa ainda pode alcançar 140 mil pontos ao término de 2020. Houve até gestor que declarou não ser loucura ver a bolsa brasileira nos 200 mil até o final de 2022.
A corretora Mirae Asset estava entre os mais otimistas, projetando 124 mil pontos na conclusão do ano, e 150 mil ao fim de 2020.
Desde o pico de julho, o principal índice da B3 engatou a marcha a ré. Até ensaiou uma recuperação no início de agosto, mas o contágio vindo do exterior trouxe forte volatilidade ao indicador, que chegou a escorregar para os 95 mil pontos em seu pior momento, no final do mês. Agora, a bolsa passeia ao redor 5 mil pontos abaixo do pico.