Bolsa tem leve alta puxada por Vale
Pela primeira vez, papéis da mineradora chegaram a ultrapassar a cotação registrada antes do rompimento da barragem de Brumadinho
Guilherme Guilherme
Publicado em 14 de janeiro de 2020 às 18h32.
Última atualização em 14 de janeiro de 2020 às 19h47.
São Paulo -Em meio ao cenário externo misto, o Ibovespa oscilou entre o território positivo e negativo na maior parte do dia, mas terminou o pregão desta terça-feira (14) em alta de 0,26%, em 117.632,40 pontos. Entre as ações com grande peso no índice, as da Vale foram as únicas que se valorizaram.
Após passar quase todo o período da tarde no vermelho, o Ibovespa só inverteu a direção próximo do encerramento das negociações. Segundo a analista da Terra Investimentos, Sandra Peres, a retomada da pauta sobre privatizações ajudou a impulsionar a Bolsa. Nesta terça, o Ministério da Economia informou que espera se desfazer de 300 ativos, o que deve gerar uma receita de 150 bilhões de reais para o governo.
Na Bolsa, os papéis da mineradora Vale chegaram a ser negociados por 56,35 reais na máxima intradiária e ultrapassam pela primeira vez a cotação de 56,15 reais registrada antes do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho. No entanto, o ativo, fechou abaixo desse patamar, em 55,64 reais, apreciando-se 0,61%.
Nesta terça, as ações da mineradora foram beneficiadas pela notícia de que a empresa negocia a compra da fatia de 45% da Cemig na Aliança Energia, publicada pelo jornal Valor Econômico . Em esclarecimento à CVM, a Vale disse não existir qualquer contrato sobre a aquisição, mas informou que estuda alternativas em linha com a estratégia de se tornar autoprodutora de energia. De acordo com a publicação a fatia da Cemig na Aliança Energia é avaliada em 2 bilhões de reais
Em relatório, analistas do Itaú BBA consideraram a possível compra como positiva por reduzir significativamente os gastos da empresa com energia elétrica e devido ao preço “relativamente baixo” a ser pago pela participação.
Fora a Vale, nenhuma das ações com participação de mais de 3% no Ibovespa fecharam em alta nesta terça. Os bancos, mais uma vez, pressionaram o índice para baixo. As ações do Bradesco , Banco do Brasil e Santander tiveram respectivas quedas de 0,11%, 0,54% e 1,12%, enquanto os papéis do Itaú fecharam estáveis. Com o crescimento de fintechs e o aumento da competitividade no setor, os bancões vêm enfrentando maior dificuldade na Bolsa. No ano, todos os quatro acumulam queda.
A Petrobras também teve mais um dia negativo na Bolsa, com suas ações ordinárias e preferenciais caindo 0,81% e 1,09%, respectivamente. Em meio à expectativa de venda dos papéis da estatal pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), que deve movimentar 23 bilhões de reais, a Petrobras acumula queda na Bolsa em 2020. No entanto, as expectativas de longo prazo ainda são positivas, devido ao aumento de produção propiciado pelo pré-sal e aos projetos de desinvestimentos em áreas de menor relevância para a empresa.
Por outro lado, as ações da Via Varejo voltaram a liderar as altas do Ibovespa, se apreciando 5,12% e fechando em 13,35 reais. Analistas do BB Investimentos, em relatório, estimam um crescimento “robusto” para a empresa em 2020 e projetam preço-alvo da ação em 16,90 reais para o fim do ano - ou seja, um potencial de valorização de 26,6%. Em 2019, o ativo teve apreciação de 154,44%.
No ano passado, a forte alta passou pela melhora das atividades online da Via Varejo desde que a empresa voltou para as mãos de Michael Kein. Na última Black Friday, o canal digital foi responsável pela metade do total das vendas da companhia. Para este ano, o BB Investimentos espera que as ações da empresa sejam impulsionadas pela redução dos custos e do tempo de entrega e pela abertura de novas lojas na região Norte e Nordeste do Brasil.