Bolsa fecha abaixo dos 100 mil pontos e já perde 4,6% na semana
Valor de mercado do Ibovespa caiu ao redor de 130 bilhões de reais na véspera
Tais Laporta
Publicado em 15 de agosto de 2019 às 17h18.
Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 18h16.
Quase dois meses após atingir a marca histórica dos 100 mil pontos, a bolsa brasileira voltou a fechar abaixo deste patamar. O dia foi de forte volatilidade, com investidores ainda correndo atrás de ativos mais seguros, e com a agenda carregada de balanços no fim da temporada do segundo trimestre.
O índice que reúne as principais ações brasileiras fechou em baixa de 1,20%, aos 99.056 pontos, liderada pelo grupo de combustíveis Ultrapar e a empresa de educação Kroton na ponta negativa. A última vez que o Ibovespa fechou o pregão abaixo dos 100 mil pontos foi no dia 19 de junho.
Na abertura dos negócios, a bolsa até chegou a ensaiar uma recuperação, mas perdeu força pela tarde, sucumbindo à pressão do exterior.No pior momento do dia, caiu a 98.200,36 pontos, após ter alcançado o pico de 101.014,41 pontos mais cedo.
Com a baixa de hoje, o Ibovespa já acumula baixa de 4,66% na semana. O índice levou um forte tombo na véspera, fazendo com que o valor de mercado das 66 empresas listadas caísse 33 bilhões de dólares (o equivalente a 130 bilhões de reais) em uma única sessão, segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.
As ações globais enfrentam altos e baixos nas últimas duas semanas, afetadas por um coquetel de novas ameaças tarifárias dos EUA à China, seu adiamento, temores de recessão, problemas políticos na Itália e protestos em Hong Kong.
À Reuters, o analista Régis Chinchila, da Terra Investimentos, afirmou que os investidores continuam bastante cautelosos com as notícias internacionais, particularmente em relação ao embate comercial EUA-China, o que explica a volatilidade no pregão.
Nesta quinta-feira, a China prometeu contrapor as últimas tarifas norte-americanas sobre 300 bilhões de dólares de produtos chineses, mas pediu a Washington que as duas partes encontrem um meio-termo em um possível acordo comercial. O alerta da China aumentou os temores acerca do impacto contínuo da guerra comercial sobre o crescimento global.
Já o presidente Donald Trump disse que qualquer pacto teria de ser feito nos termos dos Estados Unidos. Ele também disse na quarta-feira que fará um acordo comercial com a China somente depois que o país encontrar uma solução humanitária para semanas de protestos em Hong Kong.
Dólar tem a maior queda em 1 mês
O dólar registrou a maior queda diária em um mês frente à moeda brasileira, caindo abaixo da marca de 4 reais, com investidores ajustando o preço do câmbio diante da perspectiva de injeção direta de liquidez pelo Banco Central. Assista ao Direto da Bolsa.
O Banco Central anunciou na noite de quarta-feira mudanças em sua forma de atuar no mercado de câmbio, com vias a trocar posição cambial em contratos de swap tradicional por dólares à vista, formalizando novo modelo de intervenção cambial para aprimoramento do uso dos instrumentos disponíveis. Entenda o que são swaps cambiais
A correção de baixa do dólar ante outras moedas emergentes respaldou a trégua nas operações locais. O dólar à vista fechou em queda de 1,24%, a 3,9903 reais na venda. É a maior queda diária desde 10 de julho (-1,30%).
Resultados mistos no exterior
As ações europeias atingiram as mínimas em seis meses em uma sessão volátil nesta quinta, com a bolsa de Londres caindo mais de 1%, já que
O índice FTSEurofirst 300 caiu 0,28%, a 1.438 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 0,29%, a 365 pontos, depois de chegar a cair 1% na sessão, para o menor nível desde 11 de fevereiro.
Os índices S&P 500 e Dow Jones fecharam em alta nesta quinta-feira, após dados positivos de vendas do varejo compensarem temores de recessão, apesar de persistentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China.
O índice Dow Jones subiu 0,39%, a 25.579 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 0,25%, a 2.848 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,09%, a 7.767 pontos, sob o peso da baixa nas ações da Cisco Systems.
Destaques do dia
JBS ganhou 4,64%, a 28,62 reais, mas chegou a subir a 30,43 reais na máxima da sessão, recorde intradia, após lucro líquido de 2,18 bilhões de reais no segundo trimestre, superando expectativas dos analistas. Analistas avaliaram que a empresa está preparada para movimentos de fusões e aquisições, o que o presidente-executivo, Gilberto Tomazoni, deixou em aberto durante teleconferência de resultados.
NATURA subiu 0,3%, também entre as poucas altas da sessão, um dia depois de divulgar que o lucro do segundo trimestre mais que dobrou sobre um ano antes, apoiado em vendas fortes em todos os segmentos e em esforços de controle de custos. A empresa também afirmou que está no caminho para cumprir a previsão de reduzir a alavancagem para 1,4 vez a dívida líquida/Ebitda até 2021.
ULTRAPAR encerrou em baixa de 8,4%, maior queda diária desde maio de 2018, para 16,88 reais, mínima desde maio de 2012, uma vez que viu seu lucro cair praticamente à metade no segundo trimestre, refletindo a queda ou estagnação da receita de todas as principais linhas de negócios. Em teleconferência, o conglomerado disse que quer recuperar margem de Ipiranga sem perder fatia de mercado.
SABESP recuou 5,93%, tendo como pano de fundo queda de 10,9% no resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado no segundo trimestre, para 1,2 bilhão de reais.
VIA VAREJO cedeu 5,18%, após fechar o segundo trimestre com prejuízo líquido de 154 milhões de reais, ante resultado positivo de 14 milhões um ano antes.
VALE perdeu 2,21%, tendo de pano de fundo o declínio dos preços do minério de ferro na China, à medida que o aperto na oferta diminui, mas o esperado aumento da demanda pela China segue indefinido. Siderúrgicas também sofreram. USIMINAS PNA recuou 4,37% e GERDAU PN caiu 3,38%.
PETROBRAS PN recuou 2,77%, enfraquecida pela queda dos preços do petróleo no mercado externo.
BRADESCO PN cedeu 0,69%. ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,28%. Fora do índice, BANCO INTER UNIT cedeu 11,72%, após uma sequência de sete pregões de alta, período em que acumulou valorização de 35%.
OI ON, fora do Ibovespa, desabou 17,93%, após divulgar prejuízo líquido para o segundo trimestre maior do que o esperado por analistas. A empresa também avalia ampliar investimentos neste ano para até 7,5 bilhões de reais.