Bolsa em alta e dólar em queda: as reações à vitória de Milei na Argentina
ETF da bolsa de Buenos Aires dispara 13% em pré-mercado dos Estados Unidos, apesar de incertezas sobre planos do novo governo
Repórter
Publicado em 20 de novembro de 2023 às 09h12.
Última atualização em 20 de novembro de 2023 às 18h06.
Restam incertezas sobre o que será da economia da Argentina durante o governo Javier Milei , que saiu vitorioso das eleições presidenciais deste fim de semana. Entre investidores, ao menos, a esperança é de dias melhores. Essas doses de otimismo se mostram presentes nas primeiras reações ao resultado.
No mercado de câmbio, mesmo com o feriado, as reações também são ligeiramente positivas. De acordo com o El Clarín, o dólar blue (não oficial), que melhor representa a relação entre oferta e e demanda, recua 2% frente ao peso, para perto de 950 pesos. Pela cotação oficial, o dólar é negociado perto de 350 pesos.
Apesar das reações inicialmente positivas no mercado, economistas ainda têm grandes dúvidas quanto à viabilidade dos planos de Javier Milei, que tem como plano central adolarização da economia argentina e o fim do Banco Central. A principal crítica é faltaria o principal para a dolarização da economia: dólares.
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Desafios à vista
"No curto prazo, a taxa de câmbio altamente gerida será uma variável crítica", escreveu em relatório o economista do Goldman Sachs Sergio Armella.
Outro desafio nos caminhos de Milei será a oposição, dado que seu partido não conseguiu a maioria no Legislativo.Tudo isso, diante de uma inflação rodando acima de 100% ao ano e uma dívida/PIB perto de 90%.
"Dificilmente Milei conseguirá colocar sua agenda de maneira integral e isto gerará grandes tensões que não sabemos ao certo como ele irá reagir. Dito isso é mais provável que os dois primeiros anos sejam difíceis" comentou em nota o economista André Perfeito.
Ao menos para 2024, as previsões do Goldman Sachs para a economia da Argentina são preocupantes.
"Esperamos que a economia se contraia pelo segundo ano consecutivo. A inflação anual está próxima dos 150% e espera-se que continue a subir nos próximos meses. A taxa de câmbio está sobrevalorizada, as reservas internacionais estão em níveis críticos, as reservas líquidas são significativamente negativas, o desequilíbrio fiscal persiste, as obrigações soberanas são negociadas em níveis difíceis e o governo não tem acesso aos mercados financeiros internacionais", pontuou Armella.
Se o novo governo não seguir uma linha mais ortodoxa, afirmou o economista do Goldman Sachs, a Argentina deverá sofrer "custos sociais e econômicos ainda mais elevados".